quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Quem é Jesus? Por que Ele Nasceu na Terra? E por que Ele Retornará? - Parte 13


Continuando... a reflexão anterior!...

Por que Jesus nasceu na Terra?

A Natureza, espiritual e física, diferente de Jesus

Jesus caminha sobre as águas e Pedro com ele
 Logo em seguida, forçou os discípulos a embarcar e aguardá-lo na outra margem,  até que ele despedisse as multidões. Tendo-as despedido, subiu ao monte, a fim de orar a sós. Ao chegar a tarde, estava ali, sozinho. O barco, porém, já estava a uma distância de muitos estádios da terra, agitado pelas ondas, pois o vento era contrário. Na quarta vigília da noite, ele dirigiu-se a eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos, porém, vendo que caminhava sobre o mar, ficaram atemorizados e diziam: “É um fantasma!” e gritaram de medo. Mas Jesus lhes disse logo: “Tende confiança, sou eu, não tenhais medo”. Pedro, interpelando-o, disse: “Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro sobre as águas”. E jesus respondeu: “Vem”. Descendo do barco, Pedro caminhou sobre as águas e foi ao encontro de Jesus. Mas, sentindo o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” jesus estendeu a mão prontamente e o segurou, repreendendo-o: “Homem fraco na fé, por que duvidaste? Assim que subiram ao barco, o vento amainou. Os que estavam no barco prostaram-se diante dele, dizendo:
“Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”
Mateus 14:22-33


* Jesus andando sobre as águas

     Podemos observar no relato de Mateus que, diante daquela aparição de Jesus andando sobre as águas, nem mesmo seus discípulos acreditaram no que estavam vendo. Pensaram que era um fantasma. Pedro, para tirar a dúvida sobre a identidade de Jesus, se ofereceu arriscando-se a andar sobre a água também. Após a comprovação da identidade de Jesus eles reconheceram a superioridade de Jesus. Nem naquela época e nem na atualidade andar sobre as águas é uma coisa possível por um ser humano. Por isso a grande descrença sobre o fenômeno.
    Diante da franqueza do relato podemos observar que Jesus realmente possuía uma natureza humana com capacidade acima da comum dos homens terrenos. Ele não era normal como os homens comuns...

     Como já vimos antes no livro “Abduzidos”, do Espírito Ângelo Inácio, psicografado por Robson Pinheiro, Jesus possuía uma formação genética diferente do ser humano comum. E por ele ser o organizador da evolução humana no planeta Terra e conhecer as leis da genética de todos os seres planetários possuía a capacidade de provocar alterações nos fluidos energéticos e elementos físicos do planeta.
     Ângelo Inácio relata que Jesus possuía a capacidade de se transportar fisicamente a outros recantos do planeta. Concentrando sua atividade mental e vontade podia desmaterializar seu corpo e rematerializá-lo em outras partes do planeta para ensinar sobre os princípios do Reino. Também possuía a capacidade de bilocação, bicorporeidade, transmutação ou transfiguração, levitação e outros atributos que a ciência atual não pode explicar ainda. Assim podemos entender melhor sobre suas realizações: a “transformação da água em vinho”, “andar sobre a água”, “desaparecer entre as multidões”, “realizar curas”, “transfiguração”, “a desmaterialização final de seu corpo físico sepultado no túmulo esculpido na rocha” e “a ressurreição num corpo fluídico, não material”.
     Se ele tinha essa capacidade de alterar a matéria do corpo físico também, é relatado, que ele quando desdobrado em espírito, possuía o dom da ubiquidade e com a possibilidade de tornar-se tangível a qualquer pessoa. (O termo que usamos hoje como desdobramento do espírito ou projeção astral, naquela época era usado como “arrebatado em espírito”.)
    
Jesus desdobrado em espírito atua nas dimensões extrafísicas da Terra

 

     Jesus em suas peregrinações físicas, para ensinar os princípios do Reino à multidão utilizava-se das parábolas; já, junto aos seus discípulos, falava de forma mais aprofundada, na medida que pudessem entendê-lo.  Desmaterializava seu corpo físico e rematerializava-o em outras terras do planeta, ensinando a outros povos conforme suas culturas.

      Além disso tudo, Ângelo Inácio destaca que o maior trabalho de Jesus foi realizado nas dimensões extrafísicas, onde pode atingir milhões de espíritos, com sua mensagem.
      Ele projetado nas dimensões extrafísicas do planeta, falava aos espíritos motivando-os a abandonarem os planos inferiores e os vales de sofrimento. Esses relatos não aparecem nos Evangelhos devido a limitação dos discípulos de Jesus, enquanto no corpo físico, de entenderem as coisas transcendentes, espirituais.


     Ângelo Inácio descreve um momento que Jesus, enquanto dormia, desdobrado em espírito, desceu, vibratoriamente, nas dimensões extrafísicas do planeta, nas regiões densas, e foi levar o seu ministério para inúmeras almas com o objetivo de despertá-las para uma nova postura perante a vida.
    Próximo a uma colina desconhecida de Cafarnaum, na subcrosta daquela região, reuniu-se Miguel, Elias e o profeta Eliseu. Além deles estavam muitos auxiliares de Miguel, todos com o objetivo de reunir centenas de milhares de seres para conhecerem a proposta do Cristo.
    Entretanto, a presença daqueles seres nas dimensões densas e sombrias do plano extrafísico, para as forças da escuridão, representava uma ameaça em seus domínios. Por isso, por ordem dos dragões, seus generais investiram contra os representantes da justiça divina. Acreditando que pudessem vencê-los partiram pra cima deles, mas sofreram uma imensa baixa.
    Auxiliados pelos guardiões superiores, Elias e Eliseu desceram, vibratoriamente, a uma região onde se alojava o dragão número 2. Naquela dimensão ocorreu uma enorme explosão acompanhada de uma luz muito forte; com isso o número 2 foi arremessado a quilômetros do local. Isso fez com que os chefes e comandantes das trevas, urrando de ódio, batessem em retirada do local.
    A função daquela investida dos seres representantes da justiça divina era de colocar fim aos abusos cometidos pelos seres das trevas durante milênios e milênios.
    A derrota daqueles seres atraiu uma enorme quantidade de espíritos curiosos que queriam saber que força superior era aquela. Os guardiões, com suas naves espirituais e etéricas, visitavam as regiões daquela dimensão informando onde os espíritos deveriam se reunir. Porém, nem todos admitiam a derrota e a superioridade perante os  seres da luz; é o que descreve Ângelo Inácio da fala de um deles: (...) “-Desgraçados, miseráveis e prepotentes filhos do Cordeiro! Hão de experimentar nossa ira quando dominarmos as nações...” (...)

    (Alguém poderia imaginar que com a atuação dos seres da luz naquela região, todos os espíritos pudessem despertar e reconhecer a superioridade daqueles seres; mas como vimos, não foi bem assim. Em muitos a revolta e o ódio trazido de outros mundos e alimentados na Terra, durante milênios, nas regiões dos submundos extrafísicos, era tão grande que a derrota, ao invés de despertá-los, alimentou mais ainda esse ódio.)


     Após os guardiões da justiça, auxiliares de Cristo, reunirem mais de 100 milhões de espíritos nas regiões extrafísicas, Jesus, desdobrado na dimensão extrafísica fez seu pensamento ser ouvido em várias regiões inferiores:

Anunciação de outro caminho de evolução: Projeto individual relacionado ao bem coletivo

(...) “- Estou aqui para vos dizer de uma política diferente daquela a que estais submetidos em vossos mundos”. (...)

(...) - Em vosso cotidiano, vos submetestes a um tipo de disciplina imposta pelos ditadores; outros entre vós acostumaram-se a participar de rebeliões, intrusões psíquicas e experimentos antiéticos das mais variadas formas, crimes hediondos e comportamentos tais que determinaram sua expatriação a este orbe. (...)

(...) – “Desde longas eras vós tendes permanecido alheios aos recursos prodigalizados em vossos orbes pela sabedoria da vida e do universo. Há milênios e eras tendes desenvolvido atitudes, ações e uma política draconina, que impediu o progresso de suas sociedades. Mesmo assim, a Providência Divina, por meio dos representantes evolutivos de um universo superior, tem observado, trabalhado incansavelmente para culminar neste exato momento, em que me enviaram como porta-voz para falar-vos. Venho aqui como embaixador de uma organização de vida diferente, superior, comprometida com a ordem do cosmo, especialmente para vos anunciar este outro caminho, embora procedais de sociedades planetárias distintas. São inúmeras moradas na casa do Pai, o Profundo ou Supremo Arquiteto de todos os universos.
Venho apresentar-vos outra proposta e para isso estais aqui reunidos. Por certo, muitos de vós tereis ainda um longo caminho a percorrer analisando minhas palavras. Mas o que trago não me pertence, pois trago a mensagem da generosidade, da mansuetude, aliadas à justiça, à equidade e a uma forma de organização do mundo que remete à ética cósmica e ao estilo de vida comum aos cidadãos do universo redimido. Nele, a interação individual com o mundo e a sociedade denota valores, virtudes e respeito, na medida em que conjuga o comportamento de todos os seres, de todas as raças mais evolvidas e esclarecidas pelo bem do universo. No Reino, ao qual me refiro, o projeto individual está sempre relacionado ao bem coletivo, pois se pauta por noções de justiça e moral cósmicas, comuns a quaisquer civilizações, independentemente da diversidade social, como existe, por exemplo, entre vós.

Guerra interna, espiritual, para um tipo de vida diferente

Contudo, não penseis que vim oferecer uma paz que nada resolva, ilusória por definição. Minha presença entre vós, nesta dimensão, será intensa por todos os dias em que eu estiver neste orbe. Vim apresentar uma proposta de natureza política, que naturalmente redundará numa guerra interna, colocando-vos diretamente em conflito com o sistema a que estais acostumados, o que se estabelecerá de imediato, pois que não venho impor, mas propor. Proponho algo a vossos pensamentos; peço que cogitem um tipo de vida diferente daquele a que estais habituados. Não espero o impossível nem pretendo trata-los de maneira a ignorar e menosprezar vossa inteligência e capacidade de raciocínio. Trago, portanto, intensa guerra interna, espiritual, na qual os exércitos celestes, sob o comando de Miguel, um dos meus mais diletos amigos, transmitirão a todos vós, mesmo àqueles que não quiserem me ouvir, a essência das palavras que escutais. Não tereis descanso, no sentido de que não podereis olvidar o que vos trago nem tampouco a mensagem que deixo inscrita na memória espiritual de todos vós, as diversas raças albergadas neste mundo, em tudo preparado para vos receber.

Viver em comunidades empenhadas no aprendizado das leis universais

Minhas palavras ficarão gravadas em vossa memória espiritual, independentemente da cultura que representais ou das sociedades planetárias a que pertenceis, de modo que provocarão uma guerra interna, uma crise sem precedentes em vossa consciência. Essa é a guerra à qual me refiro, e ela ocorrerá até que tenhais tomado a decisão que, para vosso futuro, é muito relevante. Se ficareis prisioneiros deste mundo ainda em estágio acanhado de evolução, adotando os mesmos estratagemas de vosso passado, as mesmas atitudes desenvolvidas em vossos orbes, dependereis de vós. Quem sabe possais experimentar a natureza do Reino, de mundos mais felizes, onde se adotou por política viver em comunidades mais elaboradas e sadias, mais empenhadas no aprendizado das leis universais que coordenam os elementos evolutivos da galáxia?
   
     Conforme explica Ângelo Inácio, dentre os espíritos reunidos, os quais eram atingidos pelo pensamento de Jesus, em diversas dimensões, muito deles eram seres especialistas, estudiosos da ciência, da magia e das artes, representantes de governos de mundos perdidos na imensidão do cosmo. Até de mundos que não existiam mais, por terem sidos destruídos pelos seus habitantes.  Esses especialistas arregimentaram adeptos que sintonizavam com suas ideias e objetivavam estabelecer domínio por onde se passavam. Assim, Havia seres que tinham consciência do motivo de terem sidos deportados; e também havia aqueles que não entendiam o motivo de terem vindo parar no planeta Terra, e porque obedeciam aos ditadores e dominadores. Então, havia os que realmente eram maus, e os que eram manipulados e nem tinham noção de terem praticado o mal em grande escala motivando seus degredos.



     As palavras transmitidas pelo pensamento de Jesus atingiam os revoltados chefes de legião que não tinham como não ouvi-lo.
     Também, estendendo mais seu pensamento, alcançou os dragões, "acorrentados" magneticamente nas regiões do abismo,  onde tentavam se esconder:

Ultima oportunidade de redenção ou serem exilados para mundos mais primitivos

(...) “– Digo-vos que pouco tempo resta a vós que seduzis as nações. Todo o vosso pretendido poder e toda a vossa inteligência, desenvolvida ao longo dos milênios e eras, não são suficientes para aplacar as leis universais. Todo o vosso saber apenas vos serve para aumentar a dor interna, a culpa por haverdes vilipendiado as raças com as quais travastes contato. Como estrela da alva, caístes dos céus a esta terra a fim de que aprendais que sois homens, sois limitados diante da suprema lei, que a tudo regula e encaminha em direção ao progresso. Cuidai, filhos de Yaveh, arautos da política inumana, para que aproveitais esta oportunidade de redenção, talvez vossa última antes que se ativem os mecanismos de regulagem das consciências, inseridos pelo grande Arquiteto Universal no âmago da própria criação, ou quem sabe desceis ainda mais? Como raios caem dos céus, mergulhareis em mundos bem mais primários que a Terra, sendo impedidos, indefinidamente, de ter contato com civilizações minimamente desenvolvidas. Será mesmo necessário chegar a tal ponto?”

“Vossa política não se coaduna com a política dos reinos superiores, e a maioria dos povos e ilhas siderais vibram em sintonia com a sinfonia sideral. Por meio de minhas palavras, proferidas diariamente nesta dimensão, tendes oportunidades equivalentes às que se apresentam aos habitantes da Crosta, embora para eles não possam ser tão significativas como para vós, uma vez que elas ressoam em vossas mentes. Trata-se de uma oportunidade de avaliação, de fazerdes uma leitura diferente a respeito de vossas vidas, vossos propósitos e vossa política.”

“Sabei, ó militantes da causa vencida, que nem vós, que vos considerais maiorais, tampouco vossos aliados mais próximos, sereis capazes de impedir que a vontade suprema se cumpra, embora possais adiar vossa resposta aos apelos santificantes do Alto. Vossa oportunidade é agora e vossa redenção é aguardada pelos enviados de vossos povos, que vos vigiam desde seus carros de fogo, esperando que se tornareis aptos a regressar a vossos mundos de origem.

     Como pudemos perceber, Jesus não veio tão somente para o povo daquela região da Palestina. Ele, no corpo físico, apresentou os princípios do Reino, uma ética superior, através das palavras da bem-aventurança, que eram interpretadas conforme a influência das tradições religiosas, social, política e econômica daquela região. Mas a sua atuação maior foi na dimensão extrafísica do planeta onde alcançou milhões de espíritos nas regiões densas e sombrias despertando-os para um novo comportamento perante as leis divinas. Mesmo aqueles principais ditadores do abismo não tiveram como não serem atingidos pela palavra de Jesus. Muitos despertaram, outros permaneceram na revolta e no ódio e patrocinaram a perseguição para boicotar a tarefa de Jesus no plano físico dos encarnados. Muitos desses seres ainda até hoje não aceitaram a proposta  para se ajustarem às leis divinas de evolução.
V. Lau

Continua....

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Bibliografia:
- "Bíblia De Jerusalém" - Paulus, 2002.
- "Os Abduzidos" - pelo Espírito Ângelo Inácio; [psicografado por] Robson Pinheiro. - Contagem, MG: Casa dos Espíritos, 2015. - (Série Crônicas da Terra: v. 4)
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“Luz Acima” - Irmão X, psicografado por Francisco Cândido Xavier. FEB - Federação Espírita Brasileira. Ebook
*  Canal Mórmon
Pedro Leopoldo (MG), 14 de dezembro de 1947.

Espírito Irmão X

Os Maiores Inimigos

       Certa feita, Simão Pedro perguntou a Jesus:
       — Senhor, como saberei onde vivem nossos maiores inimigos? Quero combatê-los, a fim de trabalhar com eficiência pelo Reino de Deus.
      Iam os dois de caminho, entre Cafarnaum e Magdala, ao sol rutilante de perfumada manhã.
      O Mestre ouviu e mergulhou-se em longa meditação.
      Insistindo, porém, o discípulo, Ele respondeu benevolamente:
      — A experiência tudo revela no momento preciso.
      — Oh! — exclamou Simão, impaciente — a experiência demora muitíssimo...
      O Amigo divino esclareceu imperturbável:
      — Para os que possuem “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”, uma hora, às vezes, basta ao aprendizado de inesquecíveis lições.
      Pedro calou-se, desencantado.
      Antes que pudesse retornar às interrogações, notou que alguém se esgueirava por trás de velhas figueiras, erguidas à margem. O Apóstolo empalideceu e obrigou o Mestre a interromper a marcha, declarando que o desconhecido era um fariseu que procurava assassiná-lo. Com palavras ásperas desafiou o viajante anônimo a afastar-se, ameaçando-o, sob forte irritação. E quando tentava agarrá-lo, à viva força, diamantina risada se fez ouvir. A suposição era injusta. Em vez de um fariseu, foi André, o próprio irmão dele, quem surgiu sorridente, associando-se à pequena caravana.
      Jesus endereçou expressivo gesto a Simão e obtemperou:
      — Pedro, nunca te esqueças de que o medo é um adversário terrível.
      Recomposto o grupo, não haviam avançado muito, quando avistaram um levita que recitava passagens da Torá e lhes dirigiu a palavra, menos respeitoso.
      Simão inchou-se de cólera. Reagiu e discutiu, longe das noções de tolerância fraterna, até que o interlocutor fugiu amedrontado.
     O Mestre, até então silencioso, fixou no aprendiz os olhos muito lúcidos e inquiriu:
     — Pedro, qual é a primeira obrigação do homem que se candidata ao Reino celeste?
     A resposta veio clara e breve:
     — Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
     — Terás observado a regra sublime, neste conflito? — continuou o Cristo, serenamente.
     — Recorda que, antes de tudo, é indispensável nosso auxílio ao que ignora o verdadeiro bem e não olvides que a cólera é um perseguidor cruel.
     Mais alguns passos e encontraram Teofrasto, judeu grego dado à venda de perfumes, que informou sobre certo Zeconias, leproso curado pelo profeta nazareno e que fugira para Jerusalém, onde acusava o Messias com falsas alegações.
     O pescador não se conteve. Gritou que Zeconias era um ingrato, relacionou os benefícios que Jesus lhe prestara e internou-se em longos e amargosos comentários, amaldiçoando-lhe o nome.
     Terminando, o Cristo indagou-lhe:
     — Pedro, quantas vezes perdoarás a teu irmão?
     — Até setenta vezes sete — replicou o Apóstolo, humilde.
     O Amigo celeste contemplou-o, calmo, e rematou:
     — A dureza é um carrasco da alma.
     Não atravessaram grande distância e cruzaram com Rufo Grácus, velho romano semiparalítico, que lhes sorriu, desdenhoso, do alto da liteira sustentada pelos escravos fortes.
     Marcando-lhe o gesto sarcástico, Simão falou sem rebuços:
     — Desejaria curar aquele pecador impenitente, a fim de dobrar-lhe o coração para Deus.
     Jesus, porém, afagou-lhe o ombro e ajuntou:
     — Por que instituiríamos a violência no mundo, se o próprio Pai nunca se impôs a ninguém?
     E, ante o companheiro desapontado, concluiu:
     — A vaidade é um verdugo sutil.
     Daí a minutos, para repasto ligeiro, chegavam à hospedaria modesta de Aminadab, um seguidor das ideias novas.
     À mesa, um certo Zadias, liberto de Cesareia, se pôs a comentar os acontecimentos políticos da época. Indicou os erros e desmandos da corte imperial, ao que Simão correspondeu, colaborando na poda verbalística. Dignitários e filósofos, administradores e artistas de além-mar sofreram apontamentos ferinos. Tibério foi invocado com impiedosas recriminações.
     Finda a animada palestra, Jesus perguntou ao discípulo se acaso estivera alguma vez em Roma.
     O esclarecimento veio depressa:
     — Nunca.
     O Cristo sorriu e observou:
     — Falaste com tamanha desenvoltura sobre o Imperador que me pareceu estar diante de alguém que com ele houvesse privado intimamente.
      Em seguida, acrescentou:
      — Estejamos convictos de que a maledicência é algoz terrível.
      O pescador de Cafarnaum silenciou desconcertado.
      O Mestre contemplou a paisagem exterior, fitando a posição do astro do dia, como a consultar o tempo, e, voltando-se para o companheiro invigilante, acentuou, bondoso:
     — Pedro, há precisamente uma hora procuravas situar o domicílio de nossos maiores adversários. De então para cá, cinco apareceram entre nós: o medo, a cólera, a dureza, a vaidade e a maledicência... Como reconheces, nossos piores inimigos moram em nosso próprio coração.
     E, sorrindo, finalizou:
     — Dentro de nós mesmos, será travada a guerra maior.

Livro: “Luz Acima” 

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