quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Quem é Jesus? Por que Ele Nasceu na Terra? E Por que Ele Retornará? - Parte 17- final

Conclusão de nossas reflexões anteriores...

A ascensão e o Retorno

Atos 1:9-11
Dito isto, foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: “Homens da Galileia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.

     Segundo a Bíblia de Jerusalém, na introdução do Atos dos Apóstolos, os autores pesquisadores informam que: “O terceiro evangelho (Lucas) e o livro dos Atos eram primitivamente as duas partes de uma só obra, à qual daríamos hoje o nome de “História das origens cristãs”. Logo o segundo livro ficou conhecido com o título de ‘Atos dos apóstolos”. Lucas escreve a um certo Teófilo, no seu evangelho, narrando os fatos colhidos das testemunhas que conviveram com Jesus, depois, ele continua no Prólogo do Atos dos Apóstolos, se referindo ao mesmo Teófilo. Assim, concluiu-se que quem escreveu os Atos dos Apóstolos foi Lucas. Principalmente por ele ser médico e, portanto, capacitado na escrita; enquanto os outros discípulos careciam de instrução como escritores.  
    Como ele terminou o seu evangelho descrevendo a ascensão de Jesus, ele inicia, no Atos dos Apóstolos, narrando a ascensão novamente; mas trás o detalhe dos dois homens vestido de branco explicando aos discípulos que Jesus, do mesmo modo que eles estavam vendo-o partir, retornaria novamente.

     Mateus (16:27-28) também fez o registro da promessa do retorno de Jesus: “Pois o Filho do Homem há de vir na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento. Em verdade vos digo que alguns dos que aqui estão não provarão a morte até que vejam o Filho do Homem vindo em seu Reino.”
      Em 1868, com advento da ciência do Espírito, conforme os conhecimentos científicos e cultural da época, no seu livro “A Gênese”, Allan Kardec explicou o seguinte a respeito da informação de Mateus:

Allan Kardec
45. Jesus anuncia o seu segundo advento, mas não diz que voltará à Terra com um corpo carnal, nem que personificará o Consolador. Apresenta-se como tendo de vir em Espírito, na glória de seu Pai, a julgar o mérito e o demérito e dar a cada um segundo as suas obras, quando os tempos forem chegados. Estas palavras: “Alguns há dos que aqui estão que não sofrerão a morte sem terem visto vir o Filho do Homem no seu reinado” parecem encerrar uma contradição, pois é incontestável que Ele não veio em vida de nenhum daqueles que estavam presentes. Jesus, entretanto, não podia enganar-se numa previsão daquela natureza e, sobretudo, com relação a uma coisa contemporânea e que lhe dizia pessoalmente respeito.

46. A grande e importante lei da reencarnação foi um dos pontos capitais que Jesus não pôde desenvolver, porque os homens do seu tempo não se achavam suficientemente preparados para ideias dessa ordem e para as suas consequências. Contudo, assentou o princípio da referida lei, como o fez relativamente a tudo mais. Estudada e posta em evidência nos dias atuais pelo Espiritismo, a lei da reencarnação constitui a chave para o entendimento de muitas passagens do Evangelho que, sem ela, parecem verdadeiros contrassensos. É por meio dessa lei que se encontra a explicação racional das palavras acima, admitidas que sejam como textuais. Uma vez que elas não podem ser aplicadas às pessoas dos apóstolos, é evidente que se referem ao futuro reinado do Cristo, isto é, ao tempo em que a sua doutrina, mais bem compreendida, for lei universal. Dizendo que alguns dos ali presentes na ocasião veriam o seu advento, Ele forçosamente se referia aos que estarão vivos de novo nessa época. (...)

      Juntando todas as informações aqui analisadas com nossas reflexões anteriores podemos formar o seguinte conceito: (reconhecendo que ele não é final e nem absoluto, pois devemos aguardar novas revelações e reformulá-lo à medida que a ciência vai avançando.)

     Jesus retornará em Corpo Mental Superior, e para materializar-se utilizará dos mesmos processos que utilizou antes, absorvendo elementos da atmosfera, da água, da natureza e principalmente o ectoplasma extraído de pessoas que o produz em excesso, e são doadores, mesmo inconscientes. Assim se fará visível na dimensão física dos encarnados, conforme a necessidade de suas visitas.


Brasil Pátria do Evangelho   

 Na dimensão extrafísica do planeta, ele também se fará visível conforme a dimensão em que atuará utilizando os recursos fluídicos de cada dimensão, conforme suas leis.
     Aliás, Jesus já esteve em visitas periódicas na Terra, vindo das dimensões superiores de seu reino. É o que relata Humberto de Campos no livro “Brasil, Coração do Mundo Pátria do Evangelho”, quando no fim do século 14, após o fim das cruzadas, ele veio observar os progressos de sua doutrina e de seus exemplos no coração dos homens.
     Dialogando com seu auxiliar Helil disse: (...) —, meu coração se enche de profunda amargura, vendo a incompreensão dos homens, no que se refere às lições do meu Evangelho. (...)
      A solução encontrada para que florescesse seu evangelho, por sugestão de Helil, foi indicando novas terras no sul do continente americano. Assim, vendo com tristeza o que os homens tinham feito em seu nome, nos velhos continentes, Jesus determinou: (...) — Para esta terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e de amor. (...).
     (Então, nasce o Brasil com o propósito de florescer o evangelho de Jesus através da Ciência do Espírito revelando todas as coisas que Jesus ensinou, e outras que ele não pôde explicar devido ao conhecimento da época)

Por que Jesus Retornará?

    
Milhões de Galáxias e Seus Mundos/NASA
 
Além dessas visitas periódicas na dimensão extrafísica da Terra, como foi prometido, haverá um momento em que Jesus virá e atuará diretamente na dimensão astral e física da Terra.
      Como vimos anteriormente, o planeta Terra foi formado para receber milhões de consciências espirituais que não acompanhavam a evolução em seus planetas. Como exilados foram trazidos para a escola evolutiva terrena para se ajustarem às leis divinas. A Terra recebeu, no início, há mais ou menos 445 mil anos atrás, os seres anunnakis de Nibiru, que eram compostos por seres altamente rebeldes, e alguns cientistas com o compromisso de colaborar na formação da nova vida no planeta. Posteriormente, vieram os seres de Capela causando a grande guerra entre as duas raças e provocando o afundamento da Atlântida. Como revela Ângelo Inácio, no livro “Os Nephilins”, a partir dessa grande guerra começou a chegar outros seres vindo de Órion, Sirius, Antares, da galáxia Andrômeda e de outros mundos totalizando mais de 20 de tipos humanos distintos. Conforme objetivo dos dirigentes superiores do planeta, tanto na dimensão extrafísica como reencarnados no corpo físico, houve uma miscigenação das raças.

(Dentre esses seres humanoides há os que vieram de planeta que possui um sistema de vida totalmente dominado por casta religiosa; e outros que têm um sistema de vida de índole guerreira. O 5º planeta do sistema solar, que foi destruído, e hoje é o cinturão de asteroides, possuía duas raças com essas características; os fanáticos religiosos e os espectros, guerreiros e vampiros de energias. Com isso, podemos entender a influência dessas duas características: a guerreira e a religiosa fanática, na formação da civilização desde o início no sistema de vida terrena; característica que permanece até hoje)
     
      Na época que Jesus esteve corporificado na galileia, conforme ele mesmo narra no diálogo com Miguel, revelado por Ângelo Inácio no livro “Os Abduzidos”: (...) - Minha obra abrange todos os seres albergados neste orbe - mais de 50 raças de distinta procedência cósmica -, cá reunidos devido à tentativa de evitar um desastre ambiental de natureza cósmica, sideral. (...), vê-se que o número de seres exilados já tinha aumentado significamente.

    
  E qual o tempo para a obra de Jesus atingir seu objetivo de renovação dos seres no planeta Terra?... No mesmo diálogo com Miguel, ele revela: (...) “Mirando a renovação total da Terra, teremos pela frente ao menos dois mil anos consumidos apenas para as ideias germinarem e se espalharem de uma latitude a outra, ainda assim, com sérias limitações. Após a fase de sementeiras, serão no mínimo mais mil anos de reconstrução, de trabalho intenso, em que se definirão os valores e os conceitos baseados na política que esposamos em forte contraposição à política dos homens e dos seres que os inspiram. (...)

      Passados já 2.000 anos da sementeira dos princípios da política do Reino de Deus trazida por Jesus, encontramo-nos na fase do “Juízo Geral” profetizado por João no seu apocalipse. Está em pleno andamento a separação do “joio” e do “trigo”.
      Vivemos os primeiros momentos de transição planetária da fase de mundo de expiação e provas para o mundo de regeneração; que durará 1.000 anos terrestre.
       No sistema evolutivo terreno, há mais ou menos 52 bilhões de consciências espirituais, sendo mais ou menos 7,6 bilhões corporificados (reencarnados), e aos poucos estamos compreendendo que a verdadeira vida é a do espírito, que é imortal.  A vida no corpo físico é apenas um estágio temporário e necessário para o nosso aprendizado.  Sendo assim, o “Juízo Geral” teve seu início primeiramente na região extrafísica,  através das reurbanizações extrafísicas, que é comandada por Miguel, o agente da justiça na Terra, e seus agentes, conhecidos como Guardiões Planetários Superiores.
      Engana-se quem acha que a situação é tão simples e que os agentes da justiça irão resolver tudo num passe de mágica. O que está acontecendo é uma complexa batalha dos seres da luz contra os seres das trevas, para que seja restaurado o equilíbrio na Terra.

Reurbanização Extrafísica

     
Espíritos no Umbral
Segundo Ângelo Inácio, no livro “Fim da Escuridão”, a primeira fase da reurbanização extrafísica começou após a segunda guerra mundial. Iniciou-se timidamente nos primeiros anos da década de 1940, intensificou-se após as rendições de 1945 e tiveram seu apogeu nos meados da década de 1970. Após a fase de reurbanização extrafísica do continente europeu, que funcionou como um laboratório, e tinha que ser liberado da carga tóxica acumulada após as grandes guerras, o trabalho se estendeu de forma mundial.
      Após esse período, determinado pela Providência Divina, todos os recantos da Terra estão passando pela higienização de forma mais ampla e intensa. O trabalho está sendo realizado em todas os níveis dimensionais extrafísico. Os espíritos que não atingiram certo grau de maturidade espiritual estão sendo transferidos para esferas próximas à Terra, onde está sendo feito a identificação energética para serem deportados para outros planetas. Portanto, como muitos ainda pensam que haverá um momento único, em que Jesus retornará e haverá o juízo num evento só, não é bem assim.  Esse processo de identificação e seleção, entre os espíritos que não têm mais condições de nascerem num corpo físico, é longo, pois é preciso identificar o tipo psíquico com sua vibração, sentimentos, aptidões e necessidades de aprendizado para que aguardem seus destinos. Uma das bases onde estão sendo abrigados os seres que serão deportados se encontra no lado escuro da lua, na sua contraparte extrafísica.
     Juntamente com essa seleção, após os eventos desencadeados na esfera física serão identificados, entre a massa de recém-desencarnados, quais espíritos terão condições de permanecerem na Terra.
     O trabalho dos Guardiões Planetários Superiores é intenso e se dá em todas as dimensões do plano extrafísico. Principalmente, nas regiões do abismo onde há o domínio e guerras pelo poder entre facções dos seres das sombras. Há seres hipnotizados servindo os espectros, magos negros, chefes de legiões, grupos de cientistas e os perigosos dragões que estão acorrentados magneticamente no submundo escuro dos abismos.
    A medida que esses seres são aprisionados e desmanteladas as construções extrafísicas no império dessas regiões há um trabalho de reconstrução nessas dimensões construindo-se algumas bases dos guardiões e postos de socorros.
    Sob a coordenação do orientador evolutivo cósmico Jesus há a participação de seres das estrelas em auxílio aos Guardiões Superiores da humanidade terrena. Esses seres, com experiência em transmigração planetária, vêm com suas tecnologias extraterrestres e com suas naves etéricas, para auxiliar no transporte dos seres que serão exilados do planeta Terra para outros mundos de evolução.

   
Diante da complexidade que envolve a seleção e o transporte de seres para outros recantos do universo, no atual período de “Juízo Geral”, podemos concluir sim que haverá um momento em que o próprio governador planetário, Jesus, virá pessoalmente, diante da necessidade de deportar da Terra os seres mais perigosos, devido às suas capacidades mental de domínio e hipnotismo, para transportá-los para serem julgados perante os juízes da galáxia.
    Isso é o que já vimos antes quando Ângelo Inácio, no livro “Abduzidos”, descreve a fala do próprio Jesus quando, em espírito, já livre de seu corpo físico, que se desmaterializava dentro do sepulcro, desceu nas regiões onde se encontrava os daimons, os maiorais, os dragões e informou a eles:
                                                                                                                  
Conquanto, chegará o dia em que retornarei, não mais com a mensagem da graça que te foi concedida, mas como justo juiz, a fim de levar-te e a teu séquito a prestar contas perante o tribunal da galáxia e os seres mais iluminados que tua mente, talvez, pudesse conceber. Foste jogado entre as nações e na Terra te pus, a fim de que saibas que teu lugar, desde então, não é mais entre as estrelas, mas em meio ao pó da terra, desta e de muitas outras terras em incontáveis eras, a fim de que compreendas que nada no universo pode contrariar as leis soberanas da vida e permanecer impune, indefinidamente. Aqueles a quem hoje liberto da tua férula, ó cherub decaído, regressarão a seus lares para testificar que teu reino é falido, como tu mesmo faliste, Quanto às lascas do madeiro onde meu corpo foi pregado, elas agora apontam para a imensidão como rota a esta humanidade e testemunho de que seus integrantes são, também, filhos das estrelas.” (...)

Final

       Após essas reflexões, onde somos agraciados com o esclarecimento e o conhecimento da verdade trazido pela egregóra do Espírito Verdade, prometida por Jesus, de que forma estamos vivenciando, em nosso coração, os “Princípios do Reino de Deus” ensinado e exemplificado por ele? Quais são os  Princípios do reino?
      Para entendermos melhor sobre esse princípio vamos recordar a proposta de renovação que ele nos trouxe... 

Venho apresentar-vos outra proposta e para isso estais aqui reunidos. Por certo, muitos de vós tereis ainda um longo caminho a percorrer analisando minhas palavras. Mas o que trago não me pertence, pois trago a mensagem da generosidade, da mansuetude, aliadas à justiça, à equidade e a uma forma de organização do mundo que remete à ética cósmica e ao estilo de vida comum aos cidadãos do universo redimido. Nele, a interação individual com o mundo e a sociedade denota valores, virtudes e respeito, na medida em que conjuga o comportamento de todos os seres, de todas as raças mais evolvidas e esclarecidas pelo bem do universo. No Reino, ao qual me refiro, o projeto individual está sempre relacionado ao bem coletivo, pois se pauta por noções de justiça e moral cósmicas, comuns a quaisquer civilizações, independentemente da diversidade social, como existe, por exemplo, entre vós.


    

* Vídeo

      Recordemos também a sua promessa...

Eu mesmo retornarei ao palco do mundo um dia, não mais pelo processo de que me utilizei ao nascer entre os homens, mas regressarei. Na companhia de meus representantes, visivelmente, em um corpo mais refinado, mais apropriado à manifestação de meu espírito, virei das alturas das nuvens, em carruagens de fogo, como compreendeis agora, colher o fruto das sementes que ora planto nos corações que me ouvem e me abrem as portas. Voltarei um dia e, se mais eu puder auxiliar a humanidade, tudo farei par evitar que este mundo e os demais aqui representados tenham os destinos marcado pelos mecanismos de defesa inscritos tanto neste planeta quanto na ilha cósmica da qual faz parte.”

V. Lau
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Ir para o início das reflexões: 👉 Parte 1

Referência de estudo: 
- "Bíblia de jerusalém" - Paulus, 2002
- "Os Abduzidos" -  pelo Espírito Ângelo Inácio; [psicografado por] Robson Pinheiro. - Contagem, MG: Casa dos Espíritos, 2015. - (Série Crônicas da Terra: v. 4).
Brasil , Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” - pelo Espírito Humberto de Campos; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. 33ª ed. Brasília: FEB, 2013.
- " A Gênese" - Allan Kardec; tradução Guilon Ribeiro. 53ª ed. Brasília: FEB, 2013.
- "Os Guardiões"pelo Espírito Ângelo Inácio; [psicografado por] Robson Pinheiro. - Contagem, MG: Casa dos Espíritos, 2013. - (trilogia os filhos da luz: v.2)
- "O fim da Escuridão" - pelo Espírito Ângelo Inácio; [psicografado por] Robson Pinheiro. - Contagem, MG: Casa dos Espíritos, 2012. - (Série Crônicas da Terra 1)
Crônicas de Além-Túmulo – pelo Espírito Humberto de Campos; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – Brasília, FEB 2013
* Canal Mórmon
Pedro Leopoldo (MG), 20 de dezembro de 1935.
Humberto de Campos

Chico Xavier





A Ordem do Mestre

      Avizinhando-se o Natal, havia também no Céu um rebuliço de alegrias suaves. Os anjos acendiam estrelas nos cômoros de neblinas douradas e vibravam no ar as harmonias misteriosas que encheram um dia, de encantadora suavidade, a noite de Belém. Os pastores do paraíso cantavam e, enquanto as harpas divinas tangiam suas cordas sob o esforço caricioso dos zéfiros da imensidade, o Senhor chamou o Discípulo bem-amado ao seu trono de jasmins matizado de estrelas.
     O vidente de Patmos não trazia o estigma da decrepitude, como nos seus últimos dias entre os Espórades. Na sua fisionomia pairava aquela mesma candura adolescente que o caracterizava no princípio do apostolado.

     — João — disse-lhe o Mestre —, lembras-te do meu aparecimento na Terra? Recordo-me, Senhor. Foi no ano 749 da era romana, apesar da arbitrariedade de frei Dionísio, que, calculando no século VI da era cristã, colocou erradamente o vosso natalício em 754.

     — Não, meu João — retornou docemente o Senhor —, não é a questão cronológica que me interessa, ao te arguir sobre o passado. É que nessas suaves comemorações vem até mim o doce murmúrio das lembranças!...

     — Ah! sim, Mestre amado — retrucou pressuroso o discípulo —, compreendo-vos. Falais da significação moral do acontecimento. Oh!... se me lembro... A manjedoura, a estrela guiando os poderosos ao estábulo humilde, os cânticos harmoniosos dos pastores, a alegria ressoante dos inocentes, afigurando-se-nos que os animais vos compreendiam mais que os homens, aos quais ofertáveis a lição da humildade, com o tesouro da fé e da esperança. Naquela noite divina, todas as potências angélicas do paraíso se inclinaram para a Terra cheia de gemidos e de amargura, por exaltar a mansidão e a piedade do Cordeiro. Uma promessa de paz desabrochava para todas as coisas, com o vosso aparecimento no mundo. Estabelecera-se um noivado meigo entre a Terra e o Céu e recordo-me do júbilo com que vossa mãe vos recebeu nos seus braços, feitos de amor e de misericórdia. Dir-se-ia, Mestre, que as abelhas de ouro do paraíso fabricaram, naquela noite de aromas e de radiosidades indefiníveis, um mel divino no coração piedoso de Maria!...

      “Retrocedendo no tempo, meu Senhor bem-amado, vejo o transcurso da vossa infância, sentindo o martírio de que fostes objeto; o extermínio das crianças da vossa idade, a fuga nos braços carinhosos de vossa progenitora, os trabalhos manuais em companhia de José, as vossas visões maravilhosas no Infinito, em comunhão constante com o vosso e nosso Pai, preparando-vos para o desempenho da missão única que vos fez abandonar, por alguns momentos, os palácios de sol da mansão celestial, a fim de descer sobre as lamas da Terra...”

     — Sim, meu João, e, por falar nos meus deveres: como seguem no mundo as coisas atinentes à minha Doutrina?

     — Vão mal, meu Senhor. Desde o concílio ecumênico de Niceia, efetuado para combater o cisma de Ário em 325, as vossas verdades são deturpadas. Ao arianismo seguiu-se o movimento dos iconoclastas, em 787; e tanto contrariaram os homens o vosso ensinamento de pureza e de simplicidade, que eles próprios nunca mais se entenderam na interpretação dos textos evangélicos.

     — Mas, não te recordas, João, que a minha Doutrina era sempre acessível a todos os entendimentos? Deixei aos homens a lição do Caminho, da Verdade e da Vida, sem lhes haver escrito uma só palavra.

     — Tudo isso é verdade, Senhor, mas, logo que regressastes aos vossos impérios resplandecentes, reconhecemos a necessidade de legar à posteridade os vossos ensinamentos. Os evangelhos constituem a vossa biografia na Terra; contudo, os homens não dispensam, em suas atividades, o véu da matéria e do símbolo. A todas as coisas puras da Espiritualidade adicionam a extravagância de suas concepções. Nem nós e nem os Evangelhos poderíamos escapar. Em diversas basílicas de Ravenna e de Roma, Mateus é representado por um jovem; Marcos por um leão; Lucas por um touro e eu, Senhor, estou ali sob o símbolo estranho de uma águia.

      — E os meus representantes, João, que fazem eles?

      — Mestre, envergonho-me de o dizer. Andam quase todos mergulhados nos interesses da vida material. Em sua maioria, aproveitam-se das oportunidades para explorar o vosso nome e, quando se voltam para o campo religioso, é quase que apenas para se condenarem uns aos outros, esquecendo-se de que lhes ensinastes a se amarem como irmãos.

     — As discussões e os símbolos, meu querido — disse-lhe suavemente o Mestre —, não me impressionam tanto. Tiveste, como eu, necessidade destes últimos para as predicações e, sobre a luta das ideias, não te lembras quanta autoridade fui obrigado a despender, mesmo depois da minha volta da Terra, para que Pedro e Paulo não se tornassem inimigos? Se entre os meus apóstolos prevaleciam semelhantes desuniões, como poderíamos eliminá-las do ambiente dos homens, que não me viram, sempre inquietos nas suas indagações?... O que me contrista é o apego dos meus missionários aos prazeres fugitivos do mundo!...

     — É verdade, Senhor.

     — Qual o núcleo da minha Doutrina que detém, no momento, maior força de expansão?

      — É o departamento dos bispos romanos, que se recolheram dentro de uma organização admirável pela sua disciplina, mas altamente perniciosa pelos seus desvios da Verdade. O Vaticano, Senhor, que não conheceis, é um amontoado suntuoso das riquezas das traças e dos vermes da Terra. Dos seus palácios confortáveis e maravilhosos irradia-se todo um movimento de escravização das consciências. Enquanto vós não tínheis uma pedra em que repousar a cabeça dolorida, os vossos representantes dormem a sua sesta sobre almofadas de veludo e ouro; enquanto trazíeis os pés macerados nas pedras do caminho escabroso, quem se inculca como vosso embaixador traz a vossa imagem nas sandálias matizadas de pérolas e brilhantes. E junto de semelhantes superfluidades e absurdos, surpreendemos os pobres chorando de cansaço e de fome; ao lado do luxo nababesco das basílicas suntuosas, erigidas no mundo como um insulto à glória da vossa humildade e do vosso amor, choram as crianças desamparadas, os mesmos pequeninos a quem estendíeis os braços compassivos e misericordiosos. Enquanto sobram as lágrimas e os soluços entre os infortunados, nos templos, onde se cultua a vossa memória, transbordam moedas a mancheias, parecendo, com amarga ironia, que o dinheiro é uma defecação do demônio no chão acolhedor da vossa Casa.

     — Então, meu discípulo, não poderemos alimentar nenhuma esperança?

     Infelizmente, Senhor, é preciso que nos desenganemos. Por um estranho contraste, há mais ateus benquistos no Céu, do que aqueles religiosos que falam em vosso nome na Terra.

     — Entretanto — sussurraram os lábios divinos, docemente —, consagro o mesmo amor à humanidade sofredora. Não obstante a negativa dos filósofos, as ousadias da Ciência, o apodo dos ingratos, a minha piedade é inalterável... Que sugeres, meu João, para solucionar tão amargo problema?

     — Já não dissestes um dia, Mestre, que cada qual tomasse a sua cruz e vos seguisse?

    — Mas prometi ao mundo um Consolador em tempo oportuno!...

     E, os olhos claros e límpidos, postos na visão piedosa do amor de seu Pai celestial, Jesus exclamou:

      — Se os vivos nos traíram, meu discípulo bem-amado, se traficam com o objeto sagrado da nossa Casa, profligando a fraternidade e o amor, mandarei que os mortos falem na Terra em meu nome. Deste Natal em diante, meu João, descerrarás mais um fragmento dos véus misteriosos que cobrem a noite triste dos túmulos, para que a Verdade ressurja das mansões silenciosas da morte. Os que voltaram pelos caminhos ermos das sepulturas retornarão à Terra, para difundirem a minha mensagem, levando aos que sofrem, com a esperança posta no Céu, as claridades benditas do meu amor!...

     E desde essa hora memorável, há mais de cinquenta anos, o Espiritismo veio com as suas lições prestigiosas felicitar e amparar na Terra a todas as criaturas.

Livro: Crônicas de Além-Túmulo 


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