sábado, 19 de janeiro de 2019

Quem é Jesus? Por que Ele nasceu na Terra? E por que Ele retornará? - Parte 14

Por que Jesus Nasceu na Terra?

Vamos continuar nossa reflexão anterior...

Com efeito, também Cristo morreu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de vos conduzir a Deus. Morto na carne, foi vivificado no espírito, no qual foi também pregar aos espíritos em prisão
Pedro 3:18-19

O Grande Plano de Jesus

      Continuando nossas reflexões ... com o estudo das informações trazidas pelo espírito Ângelo Inácio, no seu livro “Os Abduzidos”, vamos compreender os muitos relatos contidos no Novo Testamento e o verdadeiro motivo de Jesus ter nascido na Terra.
      Como está registrado nos evangelhos (Jo 7:1-8) havia uma grande perseguição, pelos judeus, a Jesus, os quais queriam matá-lo. Segundo Ângelo Inácio, os escribas, fariseus e os principais sacerdotes do povo e do templo do Senhor em Jerusalém, durante as festas que ocorreriam, esperavam confrontar Jesus em meio à multidão para desmascará-lo e achar um pretexto para acusá-lo e condená-lo. 
      Por parte de Jesus havia um grande plano, e esse não incluía somente enfrentar o sistema sacerdotal vigente da época, com a proposta dos novos princípios do reino celeste. Havia a questão espiritual, de ordem cósmica, que abrangia a evolução de todos os seres espirituais nas dimensões extrafísicas do planeta Terra. E, por sua vontade, ele esquivou-se de ser pego pelos representantes do sistema de poder e religioso, até que ele realizasse seu trabalho nas dimensões espirituais; e no momento certo, após pouco tempo junto aos seus discípulos, em peregrinação para ensinar os princípios do reino de Deus, entregasse seu corpo; e assim, livre em espírito, pudesse concluir seu trabalho junto a imensidão de espíritos rebeldes nas dimensões extrafísicas.
     Naquele tempo, em que os feitos de Jesus já eram conhecidos e comentados pelo povo e contestados pelos donos do poder terrestre, a sua ida à festa de Jerusalém mereceu certos cuidados quanto à sua perseguição.
     Ele fez a sua viagem sozinho preservando seus familiares e seguidores; e no momento mais solene da festa ele entrou no templo.


Nos Bastidores Extrafísico do Templo de Jerusalém


* Vídeo

     Além do que já está registrado nos evangelhos, Ângelo Inácio revela o que ocorria na dimensão espiritual quando Jesus entrou no grande templo de Jerusalém.
     Os seres das dimensões das sombras, representantes dos dragões, os que não despertaram durante as visitas de Jesus nas regiões densas na subcrosta da Terra, ao longo dos 30 anos em que ele desceu às dimensões vibratórias extrafísicas, nos domínios dos ditadores da escuridão, resolveram subir à crosta e se infiltraram no público do templo. Eles se aproximaram das auras dos sacerdotes, dos fariseus, dos escribas e líderes populares para influenciá-los.

      Apesar da presença, na dimensão invisível, extrafísica, no ambiente do templo, e aos arredores, de Miguel e seus assessores, fazendo a vigilância espiritual, Jesus não se utilizou de sua autoridade sideral para a intervenção desses agentes da justiça divina, em seu benefício.
      Estava respeitando o livre arbítrio daqueles seres, nas duas dimensões, a física e a espiritual. Os seres das sombras, mesmo temendo a autoridade moral e o forte magnetismo que Jesus irradiava de si, sondavam, na multidão, os que ofereciam sintonia com eles para que pudessem influenciá-los.

      Diante das palavras de Jesus, que foram proferidas ali no Templo, os sacerdotes, escribas, o Sumo  Sacerdote  e os representantes do povo, da assembleia dos anciãos, ficaram extasiados diante da demonstração de conhecimento e o magnetismo que emanava dele. Ângelo Inácio destaca os trechos do evangelhos onde podemos entender melhor esses momentos: “Nunca homem algum falou assim como este homem” (Jo 7:46); “Porque  a sua palavra era com autoridade” (Lc 4:32); “Como sabe estas letras, sem ter estudado?” (Jo 7:15)

      Mas apesar de muitos terem reconhecido a autoridade moral de Jesus, alguns que ofereciam sintonia com os seres das sombras, nos momentos que se seguiram depois, serviram de instrumentos para a condenação e a crucificação de Jesus.




* Vídeo

O que aconteceu durante os 3 dias após a crucificação de Jesus, antes da ressurreição?

      Ângelo Inácio descreve que:
(...) Com voz grave, Cristo então declarou, sabendo que cumpria parte do grande plano e que, dali, desceria às regiões mais ínferas para falar pela última vez aos espíritos rebeldes, angustiado pelo destino dos milhões de seres que, um dia, viveram entre as estrelas: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23:46)”.

       Assim, Jesus ao se desprender definitivamente do corpo físico, readquirindo a liberdade plena se seu espírito, desceu vibratoriamente nas dimensões das sombras no abismo da subcrosta terrena. “Morto na carne, foi vivificado no espírito, no qual foi também pregar aos espíritos em prisão”.
       Com a manifestação da luz irradiada por Jesus na escuridão do abismo, o dragão número 2, o que executava todas as ordens do dragão maioral, ficou assustado e com medo e desesperado queixou-se ao número 1:
(...) “Ó herdeiro da agonia, homem forte do abismo, senhor da tempestade que abala as nações, inimigo de todo o bem e de todo o progresso, que necessidade tinhas de nos fazer entregar este ser à morte? Como nos obrigaste e aos nossos servidores a infligir tamanho sofrimento a este que detém o poder de entrar em nossos domínios? E para que o faz? Para nos despojar de nossa autoridade e poder sobre os abismos, sobre este universo de matéria negra! Crucificamo-lo por intermédio de nossos elementos da superfície; maltratamo-lo e julgamos acabar com o seu reinado. E agora, Belzebu, príncipe das regiões ínferas? Tudo que havíamos ganhado pela ciência que detemos, pelo conhecimento que adquirimos e compartilhamos com os miseráveis deste mundo, nós o perdemos no Gólgota. Tu, príncipe da maldade, e o mais rejeitado e mórbido de todos nós, foste vencido pelo mesmo instrumento de tortura com o qual pretendeste arruinar para sempre a vida do homem das estrelas. Quanto a nós, não cuidamos que ele fosse assim tão superior, a ponto de penetrar em nossos domínios e resgatar antigos serviçais, libertando-os do jugo mental que lhes impusemos. Todo o teu júbilo por tê-lo levado ao martírio converteu-se em decepção, pois se ele aqui vem, é porque tem o poder de interferir em nosso reino, em nossa mansão e nossas cidades de poder.” (...)

     (A narração de Ângelo Inácio acima, sobre a manifestação do dragão número 2 em poder, é interessante porque ela explica a trama que se desenrolou nos bastidores espirituais do planeta Terra. Os seres encarnados, naquele momento histórico, foram instrumentos  utilizados para uma pretensa derrota do Cristo o qual apresentava uma ameaça para o reinado das sombras.)

     Naquela época o dragão número 2, dominado pelo sistema de domínio criado pelo dragão maioral, não conhecia a verdadeira identidade do número 1, mas esse não podia se esconder do pensamento do Cristo que penetrava em todas as dimensões da escuridão.
     Agora, livre da influência do corpo físico, com toda a sua majestade sublime falou ao maioral:

(...) – Uma vez te hei recebido como um principado juntamente com os teus, que subjugais o espírito humano com vossa maldade e vossos planos de domínio entre as nações. Agora, representante do Hades, grande vilão das estrelas que caiu do céu como um raio, sabes que a morte do corpo físico apenas liberou meu espírito para que todo o poder que me foi dado fosse restabelecido por forças superiores, contra as quais ainda lutas – em vão. Ó principados e potestades, poderes e tronos decaídos, vedes agora que vosso reino não prevalecerá sobre a Terra nem sobre os próprios que vos seguiam. Desde já, minhas palavras ficarão para sempre entranhadas em todas estas almas do averno. A lembrança de minha presença e minha voz jamais será obnubilada; ao contrário, reverberará em todos quantos escutaram minhas admoestações ao longo dos mais de 30 anos terrestres que aqui vos vim falar e exortar a respeito dos desígnios divinos e dos representantes de outros universos – superiores, sublimes, invisíveis aos vossos olhos. Quanto àqueles que resolveram aceitar a proposta de conhecer uma política diferente da vossa, esses ressuscitarão comigo, em espírito, pois que eu os arrebatarei de vosso poder. (...)


Jesus Convida os Espíritos Que Despertaram

   Os guardiões representantes de Miguel auxiliavam todos os espíritos que aceitaram o convite de Jesus:
(...) – Vinde. Ó vós que assentis regressar aos vossos lares entre as estrelas. Vinde comigo, ó renegados de meu Pai! O Senhor é quem vos restitui a liberdade e a honra de poder retornar aos vossos mais queridos da parentela espiritual, aos vossos clãs, às vossas famílias siderais, aos vossos compatriotas. Pois todos vós tendes neste orbe representantes de vossas sociedades de onde, um dia, fostes banidos. Vossos irmãos das estrelas, que comigo vieram a este mundo, esperam-vos no pórtico das dimensões, além da tela psíquica que aparta as realidades. Vinde e aceitai meu jugo, que é suave e brando, e encontrareis repouso para vossas consciências no trabalho proveitoso e edificante de reconstrução do vosso futuro. (...)

     Ângelo Inácio descreve que Jesus intensificou a sua luz nas regiões das sombras do abismo que até chegou a cegar todos os espíritos das trevas, chamados também de demônios, inclusive os maiorais e o principal deles.
     A reação desses seres foi de ódio, dor emocional e desprezo pela figura do Cristo e o que ele representava.
     
Revolta dos Maiorais

     A presença de Jesus irradiando a sua luz e o seu pensamento, para ser captado em todas as dimensões astrais abaixo da subcrosta terrena, abalou o sistema de reinado dos dragões principais, os maiorais das sombras. Toda a ciência que detinham de conhecimento cósmico trazida para a Terra, e aprimorada nos quase 500 mil anos, não conseguiram fazer frente à presença de Cristo naquelas regiões. Ele irradiava seu pensamento num último chamado para aqueles que, durante os 30 anos, nas suas visitas, ouviram as suas pregações no submundo da escuridão. Os sete dragões maiorais se revoltaram com urros de ódio; e o principal entre eles, o número 1, mentalmente uivava entre a dor de ser prisioneiro daquela região e a impotência em combater aquele ser que trazia tamanha autoridade moral. Todo o seu poder e conhecimento era reduzido a pó e sofria tamanha humilhação com o seu orgulho ferido.

     O dragão numero 2 em poder e domínio, revoltado, assim se expressou: (...) “- Subirei um dia até as mais distantes estrelas e lá, em meio à poeira dos mundos, levantarei meu trono, pois serei tido como o altíssimo e, então, jamais abandonarei minha morada divina. Assim, tampouco abdicarei de minha política para me render à sua, ó Filho das Estrelas, que nos vieste incomodar antes do nosso tempo.” (...)
     Era a expressão do ódio dos maiorais do abismo e também de muitos chefes de legião que permaneciam rebeldes à soberania da lei maior.

     (Por que, diante da luz e do magnetismo irradiado por Jesus naquelas dimensões, todos aqueles seres não despertaram? Talvez, esta seja a pergunta que todos nós estamos fazendo. Pelo contexto cósmico que nos foi revelado até agora já podemos perceber que estes seres, os maiorais e muitos de sua legião de seguidores, tiveram o desenvolvimento de seus corpos mentais em outros recantos do universo onde os parâmetros de sentir e pensar são totalmente diferentes do que conhecemos na Terra. Como disse Ângelo Inácio são outras “trilhas energéticas de pensamento” diferentes em que se desenvolveram. Com o desenvolvimento que tiveram de extremo poder mental e conhecimentos passaram a se julgarem como sendo deuses; mas se desviaram das leis da criação, regidas pelo grande Arquiteto do Universo, e provocaram a destruição e o sofrimento por onde passaram. Depois que chegaram à Terra construíram um sistema de poder e, dentro da característica energética do planeta, se tornaram poderosos, influenciando a humanidade terrena. Portanto, a presença de uma força superior a tudo que julgavam conhecer apresentava uma ameaça ao império por eles construído. São seres altamente perigosos, assassinos cósmicos e possuidores de uma megalomaníaca sede por poder a qual, com nossos parâmetros, não podemos ainda compreender. O tratamento para eles foi, mais uma vez, o exílio para a Terra para que pudessem, através da realidade energética do planeta modificarem suas posturas diante das leis divinas.)

     Entretanto, Todos os seres que auxiliavam Jesus naquele momento, sendo representantes dos guardiões planetários, e que eram seres redimidos que vieram de outros mundos, mundos dos quais faziam parte os degredados que habitavam aquelas dimensões das sombras, auxiliaram no resgate.
   Ângelo Inácio conta que estavam presentes: Elias, Eliseu, Enoque e MoisésMoisés é um antigo amaleque (rebelde) de CapelaTambém foi exilado para a Terra e, tendo se redimido, auxiliava os guardiões, representantes da justiça divina.
    Portanto, a atuação de Cristo naquelas dimensões fez com que muitos chefes de legião, principados e autoridades, tronos e potestades, aceitassem o convite de mudança. Esses seriam reconduzidos aos seus planetas de origem. Os guardiões planetários e seus auxiliares abririam fendas dimensionais naquelas regiões da escuridão para a superfície da Terra, para que fossem transportados todos os seres que aceitaram o convite.

Derradeiras palavras de Cristo para os Dominadores das Trevas


(...) “- Tu sabes, ó filho da alva, que um dia caminhaste entre pedras afogueadas, ou seja, entre cometas e estrelas de mundos distantes; lembra-te que foste considerado por muitos povos da mesma forma como um cherub, um governador de mundo. Porém, não honraste as concessões que alguns povos lhe proporcionaram. Caíste, como uma estrela perdida no espaço. Abusaste do poder e construíste ruínas após ti e muitas humanidades foram corroídas pela tortura que lhes infligistetão somente pelo desejo do poder, pelo poder -, estabelecendo morte, agonia e destruição por onde andaste. Eu mesmo assisti à tua queda neste mundo, como um raio. Embora esta morada tenha sido designada como “prisão eterna” para ti e teus asseclas e adeptos, sabes muito bem, ó criatura decaída, que és apenas homem e não Deus, nem mesmo um deus de hierarquia inferior ao Grande Arquiteto. Desprezaste a tua luz, profanaste seus santuários – os mundos por onde passaste – e, por isso, foste relegado à escuridão em cadeias eternas.
 
Promessa do Retorno

Conquanto, chegará o dia em que retornarei, não mais com a mensagem da graça que te foi concedida, mas como justo juiz, a fim de levar-te e a teu séquito a prestar contas perante o tribunal da galáxia e os seres mais iluminados que tua mente, talvez, pudesse conceber. Foste jogado entre as nações e na Terra te pus, a fim de que saibas que teu lugar, desde então, não é mais entre as estrelas, mas em meio ao pó da terra, desta e de muitas outras terras em incontáveis eras, a fim de que compreendas que nada no universo pode contrariar as leis soberanas da vida e permanecer impune, indefinidamente. Aqueles a quem hoje liberto da tua férula, ó cherub decaído, regressarão a seus lares para testificar que teu reino é falido, como tu mesmo faliste, Quanto às lascas do madeiro onde meu corpo foi pregado, elas agora apontam para a imensidão como rota a esta humanidade e testemunho de que seus integrantes são, também, filhos das estrelas.” (...)


      Ângelo Inácio descreve assim os momentos após estas últimas palavras de Jesus frente ao dragão número 1 da escuridão:
      (...) Após os momentos em que permanecera na região do averno, ele regressaria à superfície a fim de encerrar aquela etapa da missão junto aos apóstolos e discípulos, consagrando a ressurreição como o maior testemunho de imortalidade que a humanidade já conheceu. (...)

 Os seres que aceitaram o convite seriam levados até a crosta terrena, para depois serem conduzidos às suas pátrias siderais de origem. Serviram como testemunho de que há esperança para aqueles que um dia foram exilados nesta escola planetária, e mesmo tendo sido subjugados pela política dos dragões, uma vez arrependidos, foram resgatados pela superconsciência cósmica Jesus.
V. Lau

Continua...

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Bibliografia:
- "Bíblia De Jerusalém" - Paulus, 2002.

- "Os Abduzidos" - pelo Espírito Ângelo Inácio; [psicografado por] Robson Pinheiro. - Contagem, MG: Casa dos Espíritos, 2015. - (Série Crônicas da Terra: v. 4)

 A Gênese - Allan Kardec - Tradução Guilion Ribeiro FEB

 O Céu e o Inferno - Allan Kardec. Tradução Manuel Quintão . FEB - Federação Espírita Brasileira.
* Canal Mórmon
Paris, 6 de janeiro de 1868.

Allan kardec

       Superioridade da natureza de Jesus

     1 - Os fatos que o Evangelho relata e que foram até hoje considerados milagrosos pertencem, na sua maioria, à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, dos que têm como causa primária as faculdades e os atributos da alma. Confrontando-os com os que ficaram descritos e explicados no capítulo precedente, reconhecer-se-á sem dificuldade que há entre eles identidade de causa e de efeito. A História registra outros análogos, em todos os tempos e no seio de todos os povos, pela razão de que, desde que há almas encarnadas e desencarnadas, os mesmos efeitos forçosamente se produziram. Pode-se, é certo, contestar, no que concerne a este ponto, a veracidade da História; mas, hoje, eles se produzem às nossas vistas e, por assim dizer, à vontade e por indivíduos que nada têm de excepcionais. O só fato da reprodução de um fenômeno, em condições idênticas, basta para provar que ele é possível e se acha submetido a uma lei, não sendo, portanto, miraculoso.

     O princípio dos fenômenos psíquicos repousa, como já vimos, nas propriedades do fluido perispiritual, que constitui o agente magnético; nas manifestações da vida espiritual durante a vida corpórea e depois da morte; e, finalmente, no estado constitutivo dos Espíritos e no papel que eles desempenham como força ativa da natureza. Conhecidos estes elementos e comprovados os seus efeitos, tem-se, como consequência, de admitir a possibilidade de certos fatos que eram rejeitados enquanto se lhes atribuía uma origem sobrenatural.

     2.   Sem nada prejulgar quanto à natureza do Cristo, natureza cujo exame não entra no quadro desta obra, considerando-o apenas um Espírito superior, não podemos deixar de reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos confia, para cumprimento de seus desígnios. Mesmo sem supor que ele fosse o próprio Deus, mas unicamente um enviado de Deus para transmitir sua palavra aos homens, seria mais do que um profeta, porquanto seria um Messias divino.

      Como homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito, que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres (cap. XIV, item 9). Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa forca magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem.

     Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus.

Livro: A Gênese 
Paris, 1865
     Os demônios segundo o Espiritismo

     20. Segundo o Espiritismo, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas; uma vez libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual ou dos Espíritos, que povoam os Espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por escopo a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Não lhes deu, contudo, a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e realmente lhes pertencesse o mérito. Desde o momento da sua criação que os seres progridem, quer encarnados, quer no estado espiritual. Atingido o apogeu, tornam-se puros Espíritos ou anjos segundo a expressão vulgar, de sorte que, a partir do embrião do ser inteligente até o anjo, há uma cadeia na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso.
     Do exposto resulta que há Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso. Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade.
     Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à ideia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem.

     21. Segundo a doutrina da Igreja os demônios foram criados bons e tornaram-se maus por sua desobediência: são anjos colocados primitivamente por Deus no ápice da escala, tendo dela decaído.
     Segundo o Espiritismo os demônios são Espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração e que, colocados na base da escala, hão de nela graduar-se.
     Os que por apatia, negligência, obstinação ou má vontade persistem em ficar, por mais tempo, nas classes inferiores, sofrem as consequências dessa atitude, e o hábito do mal dificulta-lhes a regeneração. Chega-lhes, porém, um dia a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas consequências; eles comparam a sua situação à dos bons Espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem, procurando então melhorarem-se, mas por ato de espontânea vontade, sem que haja nisso o mínimo constrangimento.
     Submetidos à lei geral do progresso, em virtude da sua aptidão para o mesmo, não progridem, ainda assim, contra a vontade. Deus fornece-lhes constantemente os meios, porém, com a faculdade de aceitá-los ou recusá-los. Se o progresso fosse obrigatório não haveria mérito, e Deus quer que todos tenhamos o mérito de nossas obras. Ninguém é colocado em primeiro lugar por privilégio, mas o primeiro lugar a todos é franqueado à custa do esforço próprio. Os anjos mais elevados conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum.

Livro: O Céu e o Inferno