quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A Vida em Outros Planetas


Fonte: NASA
     Existe vida em outros planetas? Com certeza esta pergunta já esteve rondando a cabeça de muitos seres humanos desde a antiguidade, principalmente quando se olha para o céu e vê-se centenas de estrelas brilhando.
     O atual estágio da ciência astronômica ainda não demonstra para nós, de forma concreta, a existência de vida em outros planetas, vida esta, que entendemos como de seres humanoides e inteligentes como nós. Na busca para esta resposta o que a astronomia tem conseguido é o descobrimento cada vez maior de novas “estrelas” na imensidão. Um dos instrumentos da astronomia que tem contribuído muito para estas novas descobertas é o Telescópio Hubble, que tem apresentado milhões de galáxias com trilhões de planetas. Entretanto, não precisamos ter grandes conhecimentos de astronomia ou astrofísica para elaborarmos nossas teorias baseadas em nossas simples observações comuns. Por existir trilhões de planetas no cosmo não seria lógico existir vida inteligente somente aqui na Terra. Raciocinando assim, então há a possibilidade de existir vida inteligente em outros planetas. Mas será igual à da Terra? Também não é lógico ser tudo igual à da Terra; então, levando-se em conta as características físicas e químicas dos planetas na imensidão do universo, o modo de viver destes seres deve ser diferente ao da Terra. Por consequência também, a forma física também torna-se diferente. Mas, também é lógico existir em alguma parte do universo vida um pouco semelhante à nossa.
     Até aqui, com este raciocínio comum e lógico, não temos novidade nenhuma, porque o nosso raciocínio está baseado no que percebemos através da visão e da instrumentação cientifica. Devemos lembrar que a nossa visão só percebe as frequências de energias que vão do vermelho ao violeta, dentro do espectro eletromagnético, já as frequências infravermelho e ultravioleta não são percebidos pelos nossos olhos, mas são usadas em instrumentos científicos, como o Telescópio Hubble. Sendo assim, a fisicalidade ou materialidade da nossa realidade está fundamentada no atual espectro eletromagnético.
     Através do fenômeno mediúnico, que não pertence exclusivamente a doutrina espírita, umbandista, esoterista, ou a outras religiões, fenômeno este que faz parte da humanidade desde a antiguidade, a espiritualidade maior tem nos revelado que a vida em outros planetas se expressam de outras formas de energia, ou seja, a fisicalidade ou materialidade vibra em outras frequências diferentes do espectro eletromagnético que conhecemos.
    Através do fenômeno mediúnico e anímico no ser humano há a percepção, através do desdobramento espiritual, destas outras realidades. Existem várias descrições de percepções de vida de seres de outros planetas, desde a antiguidade, como está relatado na Bíblia, até a atualidade descrito por Allan kardec e outros médiuns espalhados pelo nosso planeta Terra. Percebe-se nas narrativas que a vida, fora do planeta Terra, manifesta-se através de outras formas de energias.
     Percebemos nos textos abaixo, que a compreensão racional da existência da vida em outros planetas tem sido revelada conforme o conhecimento cientifico de cada época, e hoje já podemos ampliarmos o nosso conceito a respeito do assunto.
                                                                                                                                                                           V. Lau



João, cap. 14, v. 1,2,3,4
Cesse de perturbar-se o vosso coração!
Crede em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas.
Se não fosse assim, eu vos teria dito,
Pois vou preparar-vos um lugar,
E quando for
E vos tiver preparado o lugar, virei novamente e vos levarei comigo,
A fim de que, onde eu estiver, estejais também.
Bíblia de Jerusalém – Paulus 2012
Paris,  março de 1858.
 
Allan Kardec
Pluralidade dos Mundos
     Quem ainda não se perguntou, considerando a Lua e os outros astros, se esses globos são habitados?
     Antes que a Ciência nos houvesse iniciado na natureza desses astros, podia-se duvidar; hoje, no estado atual de nossos conhecimentos, pelo menos há probabilidade; mas, a essa idéia verdadeiramente sedutora, são feitas objeções tiradas da própria Ciência. Parece, dizem, que a Lua não tem atmosfera e, provavelmente, não tem água. Em Mercúrio, tendo em vista a sua proximidade do Sol, a temperatura média deve ser a do chumbo fundido, de sorte que, se ali houver este metal, deve correr como a água dos nossos rios. Em Saturno dá-se exatamente o oposto; não temos um termo de comparação para o frio que lá deve reinar; a luz do Sol deve ser muito fraca, apesar do reflexo de suas sete luas e de seu anel, porquanto, àquela distância, o Sol não deve parecer senão como estrela de primeira grandeza. Em tais condições, pergunta-se se seria possível viver.
     Não se concebe que semelhante objeção possa ser feita por homens sérios.  Se a atmosfera da Lua não foi percebida, será racional inferir que não exista? Não poderá ser formada de elementos desconhecidos ou bastante rarefeitos para não produzirem refração sensível? Diremos a mesma coisa da água ou dos líquidos ali existentes.
     Em relação aos seres vivos, não seria negar o poder divino julgar impossível uma organização diferente da que conhecemos, quando, sob nossos olhos, a providência da Natureza se estende com uma solicitude tão admirável até o menor inseto, dando a todos os seres órgãos apropriados ao meio em que devem viver, seja a água, o ar ou a terra, estejam imersos na escuridão ou expostos à luz do Sol? Se jamais houvéssemos visto peixes, não poderíamos conceber seres vivendo na água; não faríamos uma idéia de sua estrutura. Ainda há pouco tempo, quem teria acreditado que um animal pudesse viver indefinidamente no seio de uma pedra? Mas, sem falar desses extremos, os seres que vivem sob o forte calor da zona tórrida poderiam existir nos gelos polares? E, entretanto, há nesses gelos seres organizados para esse clima rigoroso, incapazes de suportar a ardência de um sol tropical. Por que, então, não admitir que os seres possam ser constituídos de maneira a viver em outros globos e em um meio totalmente diferente do nosso?
     Seguramente, sem conhecer a constituição física da Lua, dela sabemos o bastante para estarmos certos de que, tais quais somos, ali não poderíamos viver, como não o podemos no seio do oceano, na companhia dos peixes. Pela mesma razão, se os habitantes da Lua, constituídos para viver sem ar ou num ar muito rarefeito, talvez completamente diverso do nosso, pudessem um dia vir à Terra, seriam asfixiados em nossa espessa atmosfera, como ocorre conosco quando caímos na água.
     Ainda uma vez, se não temos a prova material e de visão da presença de seres vivos em outros mundos, nada prova que não possam existir organismos apropriados a um meio ou a um clima qualquer. Ao contrário, diz-nos o simples bom-senso que deve ser assim, uma vez que repugna à razão acreditar que esses inumeráveis globos que circulam no espaço não passem de massas inertes e improdutivas. A observação, ali, nos mostra superfícies acidentadas, como aqui, por montanhas, vales, barrancos, vulcões extintos ou em atividade; por que, então, lá não haveria seres orgânicos? Seja, dirão; que haja plantas, mesmo animais, é possível; porém, seres humanos, homens civilizados como nós, conhecendo Deus, cultivando as artes, as ciências, será possível?
     Por certo nada prova matematicamente que os seres que habitam os outros mundos sejam homens como nós, nem que sejam mais ou menos avançados do que nós, moralmente falando; mas, quando os selvagens da América viram desembarcar os espanhóis, não tiveram mais dúvidas de que, além dos mares, existia um outro mundo, cultivando artes que lhes eram desconhecidas.
     A Terra é salpicada de inumerável quantidade de ilhas, pequenas ou grandes, e tudo o que é habitável é habitado; não surge no mar um rochedo sem que o homem ali não plante a sua bandeira. Que diríamos se os habitantes de uma dessas menores ilhas, conhecendo perfeitamente a existência das outras ilhas e continentes, mas não tendo tido jamais relações com os que os habitam, acreditassem ser os únicos seres vivos do globo? Dir-lhes-íamos: Como podeis acreditar que Deus tenha feito o mundo somente para vós? Por qual estranha bizarrice vossa pequena ilha, perdida num canto do oceano, teria o privilégio de ser a única habitada? Podemos dizer o mesmo em relação às outras esferas. Por que a Terra, pequeno globo imperceptível na imensidão do Universo, que dos outros planetas não se distingue nem por sua posição, nem por seu volume, nem por sua estrutura, visto não ser nem a menor, nem a maior, nem está no centro, nem na extremidade; por que, dizíamos, dentre tantas outras seria a única morada de seres racionais e pensantes? Que homem sensato poderia crer que esses milhões de astros que cintilam sobre nossas cabeças foram feitos somente para recrear os nossos olhos?
     Qual seria, então, a utilidade desses outros milhões de globos invisíveis a olho nu e que não servem sequer para nos iluminar? Não haveria ao mesmo tempo orgulho e impiedade pensar que assim fosse? Àqueles a quem pouco importa a impiedade, diremos que é ilógico.
     Chegamos, pois, por um simples raciocínio, que muitos outros fizeram antes de nós, a concluir pela pluralidade dos mundos, e esse raciocínio é confirmado pelas revelações dos Espíritos. Com efeito, eles nos ensinam que todos esses mundos são habitados por seres corporais apropriados à constituição física de cada globo; que, entre os habitantes desses mundos, uns são mais, outros menos adiantados que nós, do ponto de vista intelectual, moral e mesmo físico. Ainda mais: sabemos hoje que podemos entrar em relação com eles e obter informações sobre o seu estado; sabemos, igualmente, que não apenas são habitados todos os globos por seres corpóreos, mas que o espaço é povoado de seres inteligentes, a nós invisíveis por causa do véu material lançado sobre nossa alma e que revelam sua existência por meios ocultos ou patentes. Assim, tudo é povoado no Universo, a vida e a inteligência estão por toda parte: nos globos sólidos, no ar, nas entranhas da Terra, e até nas profundezas etéreas. Haverá nessa doutrina alguma coisa que repugne à razão? Não é, ao mesmo tempo, grandiosa e sublime? Ela nos eleva por nossa própria pequenez, bem ao contrário desse pensamento egoísta e mesquinho, que nos coloca como os únicos seres dignos de ocupar o pensamento de Deus.
(Revista Espírita -  Jornal de estudos Psicológicos – Ano I nº 3- pag.109)
Paris (FR), 1864.

Allan Kardec

      (...) 2. A casa do Pai é o Universo; as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, e oferecem, aos Espíritos encarnados, moradas apropriadas ao seu adiantamento.
     Independentemente da diversidade dos mundos, essas palavras podem também ser entendidas como o estado feliz ou infeliz do Espírito na erraticidade. Segundo ele seja mais ou menos depurado e desligado dos laços materiais, o meio em que se encontra, o aspecto das coisas, as sensações que experimenta, as percepções que possui, variam ao infinito; enquanto que uns não podem se distanciar da esfera em que viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos; enquanto certos Espíritos culpados erram nas trevas, os felizes gozam de uma claridade resplandecente e do sublime espetáculo do infinito; enquanto, enfim, que o mau, atormentado de remorsos e de lamentações, frequentemente só, sem consolação, separado dos objetos da sua afeição, geme sob o constrangimento dos sofrimentos morais, o justo, reunido àqueles que ama, goza as doçuras de uma indizível felicidade. Lá também há, pois, várias moradas, embora não sejam nem circunscritas nem localizadas.
DIFERENTES CATEGORIAS DE MUNDOS HABITADOS
     3. Do ensinamento dado pelos Espíritos, resulta que os diversos mundos estão em condições muito diferentes uns dos outros quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade de seus habitantes. Entre eles há os que seus habitantes são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros estão no mesmo grau, e outros lhes são mais ou menos superiores em todos os aspectos. Nos mundos inferiores, a existência é toda material, as paixões reinam soberanamente, e a vida moral é quase nula.  A medida que esta se desenvolve, a influência da matéria diminui, de tal sorte que, nos mundos mais avançados, a vida, por assim dizer, é toda espiritual.
     4. Nos mundos intermediários, há mistura do bem e do mal, predominância de um ou de outro, segundo o grau de adiantamento. Embora não possa ser feita, dos diversos mundos, uma classificação absoluta, pode-se, todavia, em razão de seu estado e de sua destinação, e baseando-se nas diferenças mais acentuadas, dividi-los de um modo geral, como se segue: os mundos primitivos destinados às primeiras encarnações da alma humana; os mundos de expiação e de provas, onde o mal domina; os mundos regeneradores onde as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; os mundos felizes, onde o bem se sobrepõe ao mal; os mundos celestes ou divinos, morada dos Espíritos depurados, onde o bem reina inteiramente. A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e de provas, e é por isso que o homem nela é alvo de tantas misérias.
     5. Os Espíritos encarnados sobre um mundo, a ele não estão ligados indefinidamente, e não cumprem nele todas as fases progressivas que devem percorrer para atingirem a perfeição. Quando atingiram sobre um mundo o grau de adiantamento que ele comporta, passam para um mundo mais avançado, e assim sucessivamente até que tenham atingido o estado de Espíritos puros. São igualmente estações em cada uma das quais encontram elementos de progresso, proporcionais ao seu adiantamento. É para eles uma recompensa passar para um mundo de ordem mais elevada, como é um castigo prolongarem sua demora em um mundo infeliz, ou serem relegados para um mundo mais infeliz ainda que aquele que são forçados a deixar, quando são obstinados no mal.
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Instituto de Difusão Espírita, março 2005

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O Surgimento da Umbanda no Brasil



Surgimento do Espiritismo na França.

    
Allan  Kardec
  
Hippolyte léon Denizard Rivail nasceu em Lyon, França, em 3 de outubro de 1804. Na época em que trabalhava como professor passou a pesquisar o fenômeno das “mesas girantes”; e também, após contato com a psicografia mediúnica, passou a comunicar-se com os espíritos. 
     Com o auxílio de duas jovens médiuns passou a pesquisar o mundo espiritual; e, através de um método de perguntas e respostas, organizou o estudo de forma a integrar o conhecimento cientifico, filosófico e moral. Como resultado de suas investigações escreveu, usando o pseudônimo de Allan Kardec, o “Livro dos Espíritos”, lançando-o em 18 de abril de 1857. Depois lançou os livros: “O Livro dos Médiuns” em 1861; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, em 1864; “O Céu e o Inferno”, em 1865; e a “A Gênese”, em 1868. Allan Kardec assim definiu o Espiritismo: “Do ponto de vista religioso o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e as recompensas futuras, sendo, porém, independente de qualquer culto em particular. Seu objetivo é provar àqueles que negam, ou que duvidam, que a alma existe, que ela sobrevive ao corpo e que sofre, após a morte, as consequências do bem e do mal que praticar durante a vida corpórea: o objetivo de todas as religiões.
      Allan Kardec desencarnou em Paris em 31 de março de 1869 cumprindo sua missão de inaugurar a era espirito-cristã na Terra.



Surgimento do Espiritismo no Brasil.

D. Pedro II
     Em 17 de setembro de 1865 foi realizada a primeira sessão espírita em Salvador; e nesta capital, também, iniciou-se a reação da Igreja Católica contra o Espiritismo.
     Em 1873 foi fundada, no Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, a Sociedade de Estudos Espíriticos – Grupo Confúcio. Desse ano em diante ,até 1881, surgiram várias instituições espíritas; sendo que dentre essas, algumas foram dissolvidas e outras foram geradas a partir de dissidências. Ainda em 1881 iniciou-se uma perseguição oficial ao movimento espírita, com uma ordem policial que proibia o funcionamento da “Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade”, fundada em 1879, de característica cientificista e aos centros filiados a ela. A diretoria da Sociedade Acadêmica reagiu contra a medida expedindo oficio alegando arbitrariedade na medida. Em 6 de setembro do mesmo ano ocorreu o primeiro "Congresso Espírita no Brasil"; e no mesmo dia, o imperador Pedro II recebeu uma comissão de espíritas que solicitavam sua interferência diante da proibição. O imperador encaminhou o caso ao Ministro do Império para a solução; mas a tolerância ao funcionamento das atividades da Sociedade só foi concretizada em 1882.
      Em 1884 o Espiritismo possuía várias instituições; e no dia 1 de janeiro foi fundada a Federação Espírita, com o objetivo de unir todas elas e difundir, através da imprensa e de livros, o espiritismo no Brasil.
     A Federação, desde a sua fundação, sofreu diversas dificuldades, tanto financeira como também  divergências ideológicas. Havia um grupo liderado pelo professor Afonso Angeli Torteroli que defendia um espiritismo cientifico; e outro grupo, liderado por Bezerra de Menezes, que defendia uma forma de espiritismo místico religioso.
      Nesses primeiros momentos da fundação da Federação Espirita do Brasil houve a abolição da escravatura, em 1888; e, em 1889, a "Proclamação da República Brasileira". Em seguida, em 1893, surgiu a “Revolta da Armada” que provocou uma instabilidade na instituição, provocando assim o afastamento de grande parte de seus membros iniciais e uma crise financeira; tornando suspensa suas atividades.
      
Em 1895 o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes assumiu a presidência da Federação, regularizou a crise, e instituiu o estudo sistematizado do “O Livro dos Espíritos”; e, no ano seguinte, instituiu o “Serviço de Assistência aos Necessitados”, dando à Federação um caráter doutrinário-evangélico.


 (Fonte de pesquisa: Wikipédia)


      
Zélio Fernandino de Moraes
Em 1908, quando o Espiritismo no Brasil já estava com 24 anos, desde a instituição de sua Federação, um jovem com 17 anos de idade, chamado Zélio Fernandino de Moraes, que residia na cidade de Neves, estado do Rio de Janeiro, começou a apresentar alguns surtos em sua personalidade. Às vezes ele se transfigurava; ora apresentando a postura de um idoso com sotaque diferente e fala mansa, e outras vezes, ele se manifestava com personalidade mais desembaraçada, mostrando conhecimento das coisas da natureza.
      Sua família assustada com os acontecimentos, pensando se tratar de distúrbio mental, procurou um psiquiatra que após vários exames aconselhou que levassem o rapaz a um padre, pois os sintomas apresentados não constavam na literatura médica. da época.
      Então, o pai de Zélio, que era simpatizante do espiritismo, levou-o a uma sessão de trabalhos mediúnicos na Federação em Niterói; e o jovem foi convidado pelo presidente a participar junto à mesa, com outros médiuns. Durante a sessão mediúnica manifestaram-se nos médiuns kardecistas entidades de pretos e índios. O presidente dirigente dos trabalhos, achando que as manifestações eram de espíritos atrasados, advertiu-os pedindo para que se retirassem.
     Uma entidade espiritual, manifestada através do médium Zélio, questionou o porquê dos espíritos manifestados estarem sendo repelidos; se nem deram a chance de serem ouvidas as suas mensagens. Os responsáveis pelo trabalho da sessão mediúnica tentaram “doutrinar” e afastar o espírito manifestante. Após acalorado diálogo a entidade foi questionada sobre seu nome, no que informou que poderiam chamar-lhe por “Caboclo das Sete Encruzilhadas”; pois sua última encarnação tinha sido no Brasil, como um caboclo.
     O espírito informou que, como havia uma discriminação quanto a manifestação de entidades na forma astral de pretos e índios, ele trazia a missão de iniciar um trabalho onde esses poderiam se manifestar através dessas formas para que pudessem trazer suas mensagens e praticarem a caridade.

Imagem: extra.globo.com
      No dia seguinte, dia 16 de novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto n. 30, na casa da família do médium Zélio, as 20:00hs, manifestou-se a entidade espiritual Caboclo das Sete Encruzilhadas informando que a partir daquele momento iniciava-se um novo trabalho, onde espíritos de velhos africanos, que foram escravos, e espíritos de índios, se manifestariam para praticarem a caridade em favor dos irmãos encarnados.
Já naquela época, esses espíritos não encontravam campo de atuação nas seitas de origem africana, que naquele período, de pós libertação dos escravos no Brasil, encontravam-se deturpadas em seus cultos magísticos; onde os ex-escravos, para sobreviverem, após a libertação, venderam a magia praticada em seus cultos de origem africana. Começando assim o intercâmbio com as entidades do baixo astral, fazendo trabalhos de feitiçaria.
     Por esse motivo, e pela discriminação das manifestações de entidades, quanto às suas formas astrais de diversas raças, que haveria nas sessões mediúnicas do  espiritismo, iniciou-se o novo movimento chamado de umbanda. Ali poderiam manifestar-se todas entidades comprometidas com o bem e a caridade independentemente de suas constituições físico-astrais.
     A primeira casa de trabalhos espirituais de caridade com base no Evangelho de Jesus foi nomeada Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
     Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Gerônimo.
     Desde sua origem, o Caboclo das Sete Encruzilhadas estabeleceu um ritual simples nos trabalhos de atendimento mediúnico, com cânticos baixos, sem atabaques e palmas e sem uso, por parte dos médiuns, de vestimentas e adereços extravagantes. Foi estabelecido o uso de roupas brancas simples e sem sacrifícios de animais, no seu ritual interno e externo. Com o passar do tempo foram criadas umas 10.000 tendas pelo país e algumas foram incorporando no seu ritual o uso de atabaques.
(Fonte de pesquisa: “Umbanda Pé no Chão” – Um Guia de Estudo da Umbanda – Orientado pelo Espírito Ramatís – Norberto Peixoto)


 Gira de Umbanda na atualidade na Tenda Nossa Senhora da Piedade
     


     Em 1971, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio, já quase com 80 anos, disse que a umbanda tinha progredido muito e iria progredir ainda mais. Ele fez um alerta prevendo que muitos médiuns iriam se vender prejudicando a imagem da umbanda. No futuro esses médiuns seriam expulsos, assim como Jesus expulsou os vendilhões do templo de Jerusalém. Ele advertiu que para a umbanda progredir era preciso haver muita vigilância moral por parte dos médiuns, para que não fossem envolvidos pelos espíritos obsessores contrários ao trabalho do bem.
     Durante esses 106 anos, desde a instituição da umbanda, surgiram as manifestações de inúmeras entidades com diversas formas astrais. São diversas falanges de Espíritos que realizam trabalhos dentro das "Vibrações Cósmicas", Orixás; e atuam como: caboclos, caboclas, pretos velhos, pretas velhas, ciganos, boiadeiros, baianos, marinheiros, exus, crianças, e outros. Além desta diversidade de espíritos brasileiros também há espíritos do oriente, e de origens diversas. Todos são espíritos que continuam seus processos evolutivos comprometidos com a "Espiritualidade Maior" nesse trabalho de espiritualização da humanidade terrena.
     Infelizmente, surgiu muitas distorções, como foi previsto pelo Caboclo das Setes Encruzilhadas, que prejudicaram a imagem da umbanda. Há médiuns que fazem cobrança de consultas, usam roupas excêntricas, exageram nas incorporações, fazem uso de bebida alcoólica durante as sessões, realizam sacrifícios de animais, e em algumas ritualísticas poluem os sítios vibratórios na natureza. Dessa forma, existem muitas atitudes contrárias aos fundamentos da umbanda que são a simplicidade, a humildade e a pureza.
      Estamos vivendo um momento em que a espiritualidade superior vem desenvolvendo um trabalho de esclarecimento, através de mensagens mediúnicas, para esclarecer o que é, e o que não é umbanda. Apesar de nesses primeiros momentos essas mensagens serem endereçadas, principalmente, ao esclarecimento dos médiuns, os consulentes também vão aos poucos conhecendo os fundamentos umbandista e a importância deles no processo de cura espiritual-física, para a evolução de todos nós. 

      Algumas casas umbandistas já apresentam os seguintes fundamentos básicos:
      Não há cobrança financeira por nenhum tipo de atendimento espiritual.

      Não se faz sacrifícios de animais.

      Na ritualística não há ingestão de bebida alcoólica por parte dos médiuns.

      Não se faz nenhum tipo de trabalho de amarração e que desrespeite o livre arbítrio.

      Não se suja os "Sítios Vibratórios da Natureza" com despachos ou oferendas.

      Não se usa roupas e adereços extravagantes  durante o trabalho mediúnico.


Umbanda praticada no Grupo de Umbanda Triângulo da Fraternidade
(Atualizado em 17/02/2014)

Contagem (MG), fevereiro de 1998.
     - Mas poderia me esclarecer qual a verdadeira natureza e origem da Umbanda? Às vezes se é mal informado a respeito, e confunde-se muito Umbanda com Espiritismo. A ignorância a respeito é generalizada.
     - Pois bem, Ângelo, tentarei trazer um pouco de luz sobre o assunto, embora não pretenda esgotá-lo.
     Desde que os negros foram tirados de sua terra, na África, vieram para o Brasil com o rancor e o ódio em seus corações, pois muitos foram enganados pelo homem branco e feitos prisioneiros e escravos, feridos em sua dignidade, distantes da pátria e dos que amavam. Foram transcorrendo os anos de lutas e dores, e o negro mantinha, em seus costumes e na religião, a invocação das forças da natureza, as quais chamavam de orixás, espécie de deuses a quem cultuavam com todo o fervor de suas vidas. Aprenderam com o tempo a se vingar de seus senhores e déspotas, através de pactos com entidades perversas e com a magia negra, que outra coisa não era senão as energias magnéticas empregadas de forma equivocada. Dessa maneira, o culto inicial aos orixás foi-se transformando em métodos de vingança, em pactos com entidades trevosas, que assumiam o papel dessas forças da natureza ou orixás, disseminando o que se chamava de Candomblé, que, na época, era um disfarce para uma série de atividades menos dignas no campo da magia.
     Com o tempo, foi-se formando uma atmosfera psíquica indesejável no campo áurico do Brasil, que havia sido destinado a ser a pátria do evangelho redivivo, onde estava sendo transplantada a árvore abençoada do Cristianismo pelas bases eternas do Espiritismo. A psicosfera criada no ambiente espiritual da nação foi de tal maneira violenta, que entidades ligadas aos lugares de sofrimento nas senzalas encarnavam e desencarnavam conservando o ódio nos corações, com exceção daquelas que entendiam o aspecto espiritual da  vida. Assim, a magia negra foi se espalhando em forma de culto pelas terras brasileiras. Do norte ao sul do país, as oferendas, os despachos ou os ebós eram oferecidos pelos pais-de-santo, pelos mestres do Catimbó ou de outros cultos que proliferavam a cada dia, criando uma crosta mental sobre os céus da nação.
     Nos planos etéreos da vida, reuniram-se então entidades de alta hierarquia com o objetivo de encontrar uma solução para desfazer a egregóra negativa que se formava na psicosfera do Brasil. A magia negra deveria ser combatida, e seus efeitos destrutivos haveriam de ser desmanchados de maneira a transformar os próprios centros de atividades dos cultos degradantes em lugares que irradiassem o amor e a caridade, única forma de se modificar o panorama sombrio. Havia necessidade de que espíritos esclarecidos se manifestassem para realizar tal cometimento. E, assim, foram se apresentando, uma a uma, aquelas entidades iluminadas que haveriam de modificar suas formas perispirituais, assumindo a conformação de pretos velhos e caboclos, e levariam a mensagem de caridade através da Umbanda, cujo objetivo inicial seria o de desfazer a carga negativa que se abatia sobre os corações dos homens no Brasil. A Umbanda seria o elo de ligação com o Alto; penetraria aos poucos nos redutos de magia negra ou nos terreiros de Candomblé, os quais ainda se mantinham enganados quanto às leis de amor e caridade, e iria transformando, com as palavras de um preto velho ou as advertências do caboclo, os sentimentos das pessoas. E, para isso, meu amigo, era necessário que elevados companheiros da Vida Maior renunciassem a certos métodos de trabalho considerados mais elevados e se dedicassem às atividades que a Umbanda se propunha. A esses companheiros de elevada hierarquia espiritual juntaram-se espíritos de antigos escravos e índios, que serviram por muito tempo nas fazendas e nos arraiais da Terra do Cruzeiro e, em sua simplicidade e boa vontade, propuseram-se a trabalhar para demonstrar ao homem branco e civilizado as lições sagradas da Umbanda. Manifestavam-se aqui e acolá ensinando suas rezas, mandingas e beberagens, auxiliando a curar doenças e dando lições de amor e humildade. Na verdade, a Umbanda tem conseguido seu intento, e, aos poucos, vão sumindo dos corações dos oprimidos o desejo de vingança, o ódio e o rancor. Os cultos afros, em sua essência, vão se transformando, auxiliando o progresso daqueles que sintonizam com tais expressões de religiosidade. A Umbanda está modificando o aspecto desses cultos de origem africana e transformando-os gradativamente, numa religião mais espiritualizada.
     Na palavra de um caboclo ou de um preto velho, a lei de causa e efeito é ensinada por meio de Xangô, que simboliza a justiça; a reencarnação torna-se mais compreensível às pessoas mais simples quando o preto fala de sua outra vida como escravo e da oportunidade de voltar à Terra em novo corpo, para ajudar seus filhos. A força das matas, das ervas, é ensinada na fala de Oxóssi; o amor é personificado em Oxum, e a força de transformação, a energia de vitalidade, é apresentada nas palavras de Ogum.
     Mas há muito ainda que fazer, muito trabalho a realizar. Nossa explicação não esgota o assunto, mostra apenas um aspecto da Umbanda, que guarda suas em épocas muito distantes no tempo. Agora não temos muito tempo para falar sobre isso.
      (...) – E quanto a esses pais-de santo e centros de Umbanda que se espalham pelo país, será que estão conscientes disso tudo?
     - Não podemos esperar a mesma compreensão por parte de todos, meu filho – respondeu-me. – Existe muita ignorância no meio, e os próprios responsáveis pelos terreiros e pelas tendas umbandistas concorrem para que o povo tenha uma idéia errada da Umbanda. Em seus fundamentos, a Umbanda nada tem a ver com o Espiritismo, o que não é bem esclarecido nos meios umbandistas. Começa aí a confusão. Tomou-se emprestado o nome “espirita”, como se ele designasse todas as expressões de mediunismo, e descaracterizou-se muito a Umbanda. Por outro lado, espíritos têm baixado ao mundo com a missão de esclarecer e de certa forma dar um corpo doutrinário à Umbanda, escrevendo livros sérios a respeito do assunto, os quais são ignorados por muitos adeptos. Aos poucos, a verdade irá se espalhando, e quem sabe, num futuro próximo haveremos de ver abolidos os sacrifícios de animais, as oferendas e uma série de outras coisas que nada têm a ver com a Umbanda, mas com outras expressões de cultos de origem afro, os quais são respeitáveis, mas diferem em seus objetivos da verdadeira Umbanda.
     Pais e mães-de-santo que vivem enganando as pessoas, ciganas e ledoras de sorte que cobram por seus “trabalhos”, não têm nenhuma relação com os objetivos elevados que os mentores da Umbanda programaram. São pessoas ignorantes das verdades eternas e responderão ao seu tempo por suas ações inescrupulosas.
Tambores de Angola” – pelo espírito Ângelo Inácio; psicografia de Robson Pinheiro Santos. Contagem: Casa dos Espíritos, 1999.
Porto Alegre (RS), novembro de 2005.
Projeto Divina Luz na Terra

Salve os filhos de fé, salve Oxalá!
Salve a umbanda, nossa casa!

     Esta preta velha, que ainda se acha uma “menina”, mesmo depois de tantos nós já contados no bambu da existência, quando na carne, lembra-se de quantos cestos de roupa suja precisou aguar na lavanderia do espírito para alvejar as nódoas enegrecidas pela magia negativa usada em proveito próprio.
    Comprometida com a Grande Fraternidade Universal para levar conhecimento às mentes mais endurecidas, não deixou ainda de ser a velha feiticeira que vez ou outra se enreda em um envolvimento magísitico, agora direcionado para o desmanche, e, com a graça de Zambi, nunca mais para macular um irmão de caminhada. Deste lado, nós, obreiros da umbanda, a Senhora da Luz Velada, temos árdua tarefa, pois contrariamos o objetivo das trevas, que se embrenham e compram os filhos da Terra com o falso brilho do ouro e dos prazeres sensórios. Se já é difícil encontrar aparelhos mediúnicos com seriedade e altivez para assumir junto conosco a tarefa caridosa, é muito mais oneroso mantê-los vigilantes e leais à luz.
     Quando o Caboclo das Sete Encruzilhadas verbalizou por intermédio do menino Zélio a responsabilidade de implantação da nova religião, missão tão bem cumprida por ele, a espiritualidade descia aos humildes. Esse objetivo nobre precisava de canal elevado, e os Maiorais do Espaço não buscaram para tal feito nenhum médium “coroado”, ou renomado de segmentos religiosos terrenos, nem mesmo mestre, mago, iniciado ou bastião de insígnias sacerdotais. É claro que o menino Zélio, que serviu de instrumento físico, já viera preparado do Astral e, ao retornar a ele, continua envolvido no projeto umbanda na Terra, “como um todo”.
      A umbanda, que também é ainda uma menina, em si não se resume à tenda onde foi alicerçada. Sua história, seus valores, seu objetivo estão intrínsecos muito além das instituições, que mais buscam posições do que resultados; estão sim nos médiuns, cujo comprometimento e cuja seriedade dão continuidade à religião. Não seria o local onde a luz refulgiu que deixaria de ser atrativo para as trevas, assim como tem acontecido na terra onde Oxalá mandou nascer Seu maior representante. Não conseguindo deturpar todas as mentes, focalizam os templos e terreiros pela maior ou menor representatividade que exercem, ante a visão temporária e vaidosa de certas lideranças.
     Os caridosos serão vencedores, e os mercadores de graças irão se consumir em sua colheita. Este é um sinal dos tempos. Portanto, prossigam, guerreiros, caravaneiros da Divina Mediadora, não para combater os muros das trevas intencionalmente, mas para implantar o estandarte da luz, distribuindo-a por todos os cantos onde o vento possa levá-la.
     Não lastimem pelos que se deixam escravizar, pois no Além o projeto ganha forças. Não será o fluido vital derramado de nossos irmãozinhos do mundo animal, sacrificados e utilizados por alguns médiuns, infelizmente ainda comandados pela dependência psicológica das iniciações e dos despachos sanguinolentos, que fará desmerecer todas as tochas que a nossa amada umbanda já acendeu pelas Terras do Cruzeiro.
     Continuem firmes! Perseverem justos e fortalecidos pela certeza da vitória, sem batalhas. Busquem disseminar a verdadeira doutrina umbandista, isentando-se de ceder àquilo tudo que contraria o que foi implantado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Exemplifiquem e deixem que seus iguais exerçam a atração natural entre si. Documentos são importantes, porém mais importante é o compromisso moral dos verdadeiros seguidores do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Prossigam na busca desses valores e não se preocupem com as querelas e as trevas, as quais respeitamos, mas às quais não podemos nos curvar. A Luz se fará valer.
     Lembrem-se sempre, filhos amados, de que o maior axé, a mais completa força oferecida para os orixás, é o amor e a caridade dentro de cada criatura.
     Saravá aos irmãos da Terra!
     As bênçãos das falanges de Aruanda, do Caboclo das Sete Encruzilhadas, de toda a Confraria da Umbanda e da Fraternidade Universal.
     Paz!
     Vovó Benta
A Missão da Umbanda” – obra mediúnica inspirada pelo espírito Ramatís ao médium Norberto Peixoto. – limeira, SP : Editora do Conhecimento, 2006.