segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Quem é Jesus? Por que Ele Nasceu na Terra? E Por que Ele Retornará? - Parte 16


Continuando... nossas reflexõesanteriores...

A Ressurreição

João 20:1-18
O sepulcro encontrado vazio
No primeiro dia da semana, Maria Madalena vai ao sepulcro, de madrugada, quando ainda estava escuro e vê que a pedra fora retirada do sepulcro. Corre, então, e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava, e lhes diz: “Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram”.
Pedro saiu, então, com o outro discípulo e se dirigiram ao sepulcro. Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinando-se, viu as faixas de linho por terra, mas não entrou. Então, chega também Simão Pedro, que o seguia, e entra no sepulcro; vê as faixas de linho por terra e o sudário que cobrira a cabeça de Jesus. O sudário não estava com os panos de linho no chão, mas enrolado em lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: e viu e creu. Pois ainda não tinham compreendido que, conforme a Escritura, ele devia ressuscitar dos mortos. Os discípulos, então, voltaram para casa.

Aparição a Maria Madalena
– Maria estava junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira e outro aos pés. Disseram-lhe então: “Mulher, por que choras?” Ela lhes diz: “Porque levaram meu Senhor e não sei onde o puseram!” Dizendo isso, voltou-se e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus. Jesus lhe diz: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando ser o jardineiro, ela lhe diz: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar!” Diz-lhe Jesus: “Maria! Voltando-se, ela lhe diz em hebraico: “Rabbbuni”, que quer dizer, “Mestre. Jesus lhe diz: “Não me toques, pois ainda não subi ao Pai. Vai, porém, a meus irmãos e dize-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai; a meu Deus e vosso Deus”. Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Vi o Senhor, e as coisas que ele lhe disse.


   (Lendo os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João vamos ver que que eles se complementam, apesar da narração diferente em termos cronológico e de conteúdo.
     Relembrando... No livro “Paulo e Estevão”, ditado pelo Espírito Emmanuel e psicografado por Francisco Cândido Xavier, vamos encontrar as informações de que Mateus (Levi) foi o primeiro a fazer anotações dos acontecimentos e dos ensinos de Jesus, pois ele, após o chamado, caminhou com Jesus. Lucas não conviveu diretamente com Jesus. Ele, jovem médico, de passagem pela cidade de Antioquia, aproximou-se da igreja dirigida por Barnabé, discípulo de Pedro que dirigia a igreja em Jerusalém, com o desejo de aprender algo novo. Ali ele encontrou Saulo de Tarso fazendo explanação do evangelho de Jesus e se encantou com aquelas novas ideias. Depois partiu para a Grécia e posteriormente foi para Jerusalém onde conheceu Pedro e os outros discípulos e depois fez suas investigações a respeito de todos os acontecimentos em Cafarnaum e registrou em seu Evangelho.
     Maria Marcos era irmã de Barnabé; juntamente com seu filho João Marcos eles moravam aos arredores de Jerusalém. Quando da visita de Barnabé, juntamente com Saulo de Tarso, na casa dela, ela confiou ao seu irmão Barnabé e Saulo que Marcos se tornasse discípulo de Jesus. Então, o jovem seguiu junto com seu tio e Saulo para Antioquia. Saulo instruiu o jovem Marcos nos ensinamentos de Jesus. Posteriormente, Marcos retorna à Jerusalém e convive com Pedro. Tempos depois, por sugestão de Saulo de Tarso, que já tinha mudado seu nome para Paulo, é que os outros discípulos de Jesus escreveram tudo que lembravam e o que viveram ao lado de Jesus. Assim, João também fez os seus registros.
     Com essas informações podemos entender melhor as diferenças nos registros.)

     Bom... mas o que nos interessa agora nesta reflexão é que: O CORPO FÍSICO DE JESUS SUMIU!...    
     Relembrando....
Mateus 27:62-66
A guarda do túmulo 
No dia seguinte, um dia depois da Preparação, os chefes dos sacerdotes e os fariseus, reunidos junto a Pilatos, diziam: “Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor disse, quando ainda vivo: ‘Depois de três dias ressuscitarei!’ Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia, para que os discípulos não venham roubá-lo e depois digam ao povo: ‘Ele ressuscitou dos mortos!’ e a última impostura será pior do que a primeira”. Pilatos respondeu: “Tendes uma guarda; ide, guardai o sepulcro, como entendeis”. E, saindo, eles puseram em segurança o sepulcro, selando a pedra e montando guarda.
     O que os chefes dos sacerdotes temiam aconteceu... mesmo com a proteção do sepulcro pelos guardas o corpo de Jesus desapareceu. Diante do temor de ter acontecido o que Jesus previra de  ressuscitar ao terceiro dia, e frente a ameaça que isso representava para o sistema religioso estabelecido, eles resolveram encobrir os fatos:
Mateus 28:11-15
A astúcia dos chefes judaicos
— Enquanto elas iam, eis que alguns da guarda foram à cidade e anunciaram aos chefes dos sacerdotes tudo o que acontecera. Estes, depois de se reunirem com os anciãos e deliberarem com eles, deram aos soldados uma vultosa quantia de dinheiro, recomendando: "Dizei que os seus discípulos vieram de noite, enquanto dormíeis, e o roubaram. Se isso chegar aos ouvidos do governador, nós o convenceremos e vos deixaremos sem complicação". Eles pegaram o dinheiro e agiram de acordo com as instruções recebidas. E espalhou-se essa história entre os judeus até o dia de hoje.
     Como vimos antes, o corpo de Jesus, desde a sua preparação inicial feita pelos técnicos siderais, possuía uma formação genética especial, diferente  dos corpos humanos comuns. Essa condição era necessária para poder abrigar a alta vibração energética da consciência do avatar cósmico. O corpo físico de Jesus se desmaterializou porque foi programado para isso, para não servir de culto de adoração. O Corpo de Jesus nunca foi encontrado.

As Aparições de Jesus em Um Corpo Diferente

João 20:19-31
Aparição aos discípulos
— À tarde desse mesmo dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, " por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: "A paz esteja convosco!" Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, ficaram cheios de alegria por verem o Senhor. Ele lhes disse de novo: "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio". Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes disse: "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos".
Um dos Doze, Tomé, chamado Dídimo, não estava com eles, quando veio Jesus. Os outros discípulos, então, lhe disseram: "Vimos o Senhor!" Mas ele lhes disse: "Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei".
Oito dias depois, achavam-se os discípulos, de novo, dentro de casa, e Tomé com eles. Jesus veio, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: "A paz esteja convosco!" Disse depois a Tomé: "Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!" Respondeu-lhe Tomé: "Meu Senhor e meu Deus!" Jesus lhe disse: "Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!"
Jesus fez ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se acham escritos neste livro. Esses, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.


     Diante dos fatos registrados nos evangelhos, em relação ao desaparecimento do corpo de Jesus, e depois o seu aparecimento aos discípulos, onde puderam abraçá-lo e até dividir a simples refeição com ele, houve uma interpretação de que Jesus apareceu com o próprio corpo físico que possuía antes de morrer. Com a promessa de ele ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, formou-se a crença de que ele voltou com o mesmo corpo. E por consequência estabeleceu-se uma fé mística de que  aqueles que seguem Jesus, no dia em que Ele retornar, todos que morreram também ressuscitarão. Ou seja, os corpos que já entraram em decomposição terão suas células recomposta e ressuscitarão dos mortos.
     Mas vamos observar o seguinte:
     - No início, nem mesmo os discípulos acreditavam de que o que estavam vendo era real. Como eles poderiam explicar o fenômeno da aparição em si, se estavam impressionados com aquele fato inusitado. Não havia elementos científicos e conhecimento para que pudessem se utilizar para explicar tudo aquilo. Só restava deixar-se levar pela fé. A experiência era real, e o que importava era o cumprimento da promessa dele ter ressuscitado dos mortos.
     - Mas o corpo era diferente, apesar da densidade material, pois é descrito que ele possuía uma luminosidade. Os seres (anjos) que foram vistos no sepulcro também possuíam essa luminosidade.
    - É possível o espírito materializar um corpo aparente tão sólido a ponto de ser tocado?

    No livro “Nos domínios da Mediunidade” – psicografado por Francisco Cândido Xavier no mês de outubro de 1954, o Espírito André Luiz narra o seguinte:
      (...) O veículo físico, assim prostrado, sob o domínio dos técnicos do nosso plano, começou a expelir o ectoplasma, qual pasta flexível, à maneira de uma geleia viscosa e semilíquida, através de todos os poros e, com mais abundância, pelos orifícios naturais, particularmente da boca, das narinas e dos ouvidos, com elevada percentagem a exteriorizar-se igualmente do tórax e das extremidades dos dedos. A substância, caracterizada por um cheiro especialíssimo, que não conseguimos descrever, escorria em movimentos reptilianos, acumulando-se na parte inferior do organismo medianímico, onde apresentava o aspecto de grande massa protoplásmica, viva e tremulante. (...)

     (...) O ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo, e é recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da Natureza. Em certas organizações fisiológicas especiais da raça humana, comparece em maiores proporções e em relativa madureza para a manifestação necessária aos efeitos físicos que analisamos. É um elemento amorfo, mas de grande potência e vitalidade. Pode ser comparado a genuína massa protoplásmica, sendo extremamente sensível, animado de princípios criativos que funcionam como condutores de eletricidade e magnetismo, mas que se subordinam, invariavelmente, ao pensamento e à vontade do médium que os exterioriza ou dos Espíritos desencarnados ou não que sintonizam com a mente mediúnica, senhoreando-lhe o modo de ser. Infinitamente plástico, dá forma parcial ou total às entidades que se fazem visíveis aos olhos dos companheiros terrestres ou diante da objetiva fotográfica, dá consistência aos fios, bastonetes e outros tipos de formações, visíveis ou invisíveis nos fenômenos de levitação, e substancializa as imagens criadas pela imaginação do médium ou dos companheiros que o assistem mentalmente afinados com ele. Exige-nos, pois, muito cuidado para não sofrer o domínio de Inteligências sombrias, uma vez que manejado por entidades ainda cativas de paixões deprimentes poderia gerar clamorosas perturbações. (...)

     Como vimos, se nos dias de hoje, através de um médium de efeitos físicos, com exteriorização de grande cota de ectoplasma pelo duplo etérico, um espírito pode materializar-se, imaginem Jesus, que tendo participado ativamente na formação de todo o sistema solar, e sendo portador de uma enorme força mental, pode tornar as suas aparições em um processo fácil e consistente.

     Na continuação de nossas reflexões baseadas no livro “Os Abduzidos”, Ângelo Inácio descreve como Jesus se materializava perante os discípulos; e fala sobre os momentos finais antes da ascensão de Jesus rumo às dimensões superiores:

Ectoplasma Captado dos Discípulos

Jesus ao retornar à condição de espírito livre, durante 40 dias e 40 noites visitou aqueles com quem conviveu e amou. Visitou a Pérsia, a Índia, o Egito e algumas tribos perdidas de Israel; e em outros lugares onde já estivera antes.

Foi acompanhado por mais de 500 seres anunciando a boa nova em diversas culturas, conforme o entendimento de cada uma.
Para desempenhar suas visitas em todo o planeta utilizou-se de um corpo aparente semelhante ao que teve na vida física.
      Em suas aparições Jesus concentrava seu pensamento e reunia os fluidos ambientes da atmosfera, das águas do oceano, do bioplasma e o elemento principal que era o ectoplasma captado dos discípulos. Com isso, ele se tornava tão materializado a ponto de ser tocado. Assim que terminava a necessidade, conforme sua vontade, ele desaparecia retornando a sua condição de espírito livre.
     

A Despedida Final dos Discípulos

      Após suas aparições e suas visitas em todo o recanto do globo terrestre, em determinado monte, ele reuniu os amigos de trabalho e falou-lhes pela última vez.

(...) Volto ao meu Pai e vosso Pai, ao meu Reino, no qual vos receberei um dia, com grande festa e alegria genuína. Mas não vos deixarei órfãos. Enviarei um representante meu, o espírito Verdade, que vos guiará e vos revelará a verdade, relembrando o significado de muitas coisas que disse e fiz e esclarecendo outras que por ora não podeis compreender. (...)
      

Comitiva Crística para o Regresso à Pátria Celeste

      Ângelo Inácio descreve que inúmeras naves etéricas, transportando seres iluminados vindos das estrelas, compunham a comitiva crística para o regresso à pátria celestial. Em meio aos clarões, que os discípulos não compreendiam, Jesus, com seu corpo fluídico, se elevou até as nuvens; e ao sair da atmosfera terrestre,  reassumiu o aspecto que apresentava antes de nascer no planeta Terra. O embaixador das consciências sublimes foi seguido pela comitiva de filhos das estrelas deixando um rastro luminoso por onde passava.

O Testemunho da Ascensão do Cristo

    
  As pessoas que estavam presentes naquele momento de esplendor, e esses eram os amigos, sua mãe e as mulheres que o seguiam e algumas crianças ficaram observando ele elevar-se na atmosfera.
      Nem mesmo seus discípulos, devido aos conhecimentos científicos que a ciência da época oferecia, podiam entender com maior profundidade a natureza do corpo espiritual ou mental superior de Jesus e aquelas manifestações.
      Por isso, talvez para amenizar aquela falta de entendimento, junto a eles estavam seres das estrelas; e um deles, quando da sua fala, foi percebido possuir uma natureza diferente, com um corpo diferenciado quanto à sua natureza física. Ele disse:

(...) Que mirais, varões e varoas da Galileia? O próprio Jesus que vistes erguer-se entre nuvens e cintilações regressará ao vosso mundo, tão seguramente como presenciastes sua ascensão. Assim mesmo, em meio a luzes eternas, secundado por seus emissários, ele retornará! Não fiqueis saudosos, pois ele não vos abandonou.

V. Lau

Continua....

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Bibliografia: 
- "Bíblia de jerusalém" - Paulus, 2002
- "Os Abduzidos" -  pelo Espírito Ângelo Inácio; [psicografado por] Robson Pinheiro. - Contagem, MG: Casa dos Espíritos, 2015. - (Série Crônicas da Terra: v. 4).
Nos domínios da mediunidade” - pelo Espírito André Luiz; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier.  Brasília: FEB, 2013.
- "Paulo e Estevão" - episódios histórico do Cristianismo primitivo: romance/pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. 54 ed. Brasília: FEB, 2013.

Pedro Leopoldo (MG), 9 de novembro de 1940.
Chico Xavier

Humberto de Campos





        Maria

       (...)A esse tempo, o filho de Zebedeu, tendo presentes as observações que o Mestre lhe fizera da cruz, surgiu na Bataneia, oferecendo àquele Espírito saudoso de mãe o refúgio amoroso de sua proteção. Maria aceitou o oferecimento, com satisfação imensa.
      E João lhe contou a sua nova vida. Instalara-se definitivamente em Éfeso, onde as ideias cristãs ganhavam terreno entre almas devotadas e sinceras. Nunca olvidara as recomendações do Senhor e, no íntimo, guardava aquele título de filiação como das mais altas expressões de amor universal para com aquela que recebera o Mestre nos braços veneráveis e carinhosos. (...)
     (...) Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados acorriam ao sítio singelo e generoso. A notícia de que Maria descansava, agora, entre eles, espalhara um clarão de esperança por todos os sofredores. Ao passo que João pregava na cidade as verdades de Deus, ela atendia, no pobre santuário doméstico, aos que a procuravam exibindo-lhe suas úlceras e necessidades.

     Sua choupana era, então, conhecida pelo nome de “Casa da Santíssima”.
    O fato tivera origem em certa ocasião, quando um miserável leproso, depois de aliviado em suas chagas, lhe osculou as mãos, reconhecidamente murmurando:
     Senhora, sois a mãe de nosso Mestre e nossa Mãe Santíssima!
     A tradição criou raízes em todos os espíritos. Quem não lhe devia o favor de uma palavra maternal nos momentos mais duros? (...)
    (...) Diariamente, acorriam os desamparados, suplicando a sua assistência espiritual. Eram velhos trôpegos e desenganados do mundo, que lhe vinham ouvir as palavras confortadoras e afetuosas, enfermos que invocavam a sua proteção, mães infortunadas que pediam a bênção de seu carinho.
      
      (...) A igreja de Éfeso exigia de João a mais alta expressão de sacrifício pessoal, pelo que, com o decorrer do tempo, quase sempre Maria estava só, quando a legião humilde dos necessitados descia o promontório desataviado, rumo aos lares mais confortados e felizes. (...)
  (...) Súbito recebeu notícias de que um período de dolorosas perseguições se havia aberto para todos os que fossem fiéis à doutrina do seu Jesus divino. Alguns cristãos banidos de Roma traziam a Éfeso as tristes informações. Em obediência aos éditos mais injustos, escravizavam-se os seguidores do Cristo, destruíam-se-lhes os lares, metiam-nos a ferros nas prisões. Falava-se de festas públicas, em que seus corpos eram dados como alimento a feras insaciáveis, em horrendos espetáculos.

     Então, num crepúsculo estrelado, Maria entregou-se às orações, como de costume, pedindo a Deus por todos aqueles que se encontrassem em angústias do coração, por amor de seu filho. Embora a soledade do ambiente, não se sentia só: uma como força singular lhe banhava a alma toda. (...)
     Enlevada nas suas meditações, Maria viu aproximar-se o vulto de um pedinte.
      – Minha mãe – exclamou o recém-chegado, como tantos outros que recorriam ao seu carinho –, venho fazer-te companhia e receber a tua bênção.
     Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com aquela voz que lhe inspirava profunda simpatia. O peregrino lhe falou do Céu, confortando-a delicadamente. Comentou as bem-aventuranças divinas que aguardam a todos os devotados e sinceros filhos de Deus, dando a entender que lhe compreendia as mais ternas saudades do coração. Maria sentiu-se empolgada por tocante surpresa. Que mendigo seria aquele que lhe acalmava as dores secretas da alma saudosa, com bálsamos tão dulçorosos? Nenhum lhe surgira até então para dar; era sempre para pedir alguma coisa. No entanto, aquele viandante desconhecido lhe derramava no íntimo as mais santas consolações. Onde ouvira aquela voz meiga e carinhosa, noutros tempos?! Que emoções eram aquelas que lhe faziam pulsar o coração de tanta carícia? Seus olhos se umedeceram de ventura, sem que conseguisse explicar a razão de sua terna emotividade.
     Foi quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos generosas e lhe falou com profundo acento de amor:
     - Minha mãe, vem aos meus braços!
     Nesse instante, fitou as mãos nobres que se lhe ofereciam, num gesto da mais bela ternura. Tomada de comoção profunda, viu nelas duas chagas, como as que seu filho revelava na cruz e, instintivamente, dirigindo o olhar ansioso para os pés do peregrino amigo, divisou também aí as úlceras causadas pelos cravos do suplício. Não pôde mais. Compreendendo a visita amorosa que Deus lhe enviava ao coração, bradou com infinita alegria:
     - Meu filho! Meu filho! As úlceras que te fizeram!...
     E precipitando-se para ele, como mãe carinhosa e desvelada, quis certificar-se, tocando a ferida que lhe fora produzida pelo último lançaço, perto do coração. Suas mãos ternas e solícitas o abraçaram na sombra visitada pelo luar, procurando sofregamente a úlcera que tantas lágrimas lhe provocara ao carinho maternal. A chaga lateral também lá estava, sob a carícia de suas mãos. Não conseguiu dominar o seu intenso júbilo. Num ímpeto de amor, fez um movimento para se ajoelhar. Queria abraçar-se aos pés do seu Jesus e osculá-los com ternura. Ele, porém, levantando-a, cercado de um halo de luz celestial, se lhe ajoelhou aos pés e, beijando-lhe as mãos, disse em carinhoso transporte:

      - Sim, minha mãe, sou eu!... Venho buscar-te, pois meu Pai quer que sejas no meu Reino a Rainha dos Anjos...

     Maria cambaleou, tomada de inexprimível ventura. Queria dizer da sua felicidade, manifestar seu agradecimento a Deus; mas o corpo como que se lhe paralisara, enquanto aos seus ouvidos chegavam os ecos suaves da saudação do Anjo, qual se a entoassem mil vozes cariciosas, por entre as harmonias do Céu.

     No outro dia, dois portadores humildes desciam a Éfeso, de onde regressaram com João, para assistir aos últimos instantes daquela que lhes era a devotada Mãe santíssima.

   Maria já não falava. Numa inolvidável expressão de serenidade, por longas horas ainda esperou a ruptura dos derradeiros laços que a prendiam à vida material.

     A alvorada desdobrava o seu formoso leque de luz quando aquela alma eleita se elevou da Terra, onde tantas vezes chorara de júbilo, de saudade e de esperança. Não mais via seu filho bem-amado, que certamente a esperaria, com as boas-vindas, no seu Reino de amor; mas, extensas multidões de entidades angélicas a cercavam cantando hinos de glorificação.
     Experimentando a sensação de se estar afastando do mundo, desejou rever a Galileia com os seus sítios preferidos. Bastou a manifestação de sua vontade para que a conduzissem à região do lago de Genesaré, de maravilhosa beleza. Reviu todos os quadros do apostolado de seu filho e, só agora, observando do alto a paisagem, notava que o Tiberíades, em seus contornos suaves, apresentava a forma quase perfeita de um alaúde. Lembrou-se, então, de que naquele instrumento da Natureza, Jesus cantara o mais belo poema de vida e amor, em homenagem a Deus e à Humanidade. Aquelas águas mansas, filhas do Jordão marulhoso e calmo, haviam sido as cordas sonoras do cântico evangélico.
     Dulcíssimas alegrias lhe invadiam o coração e já a caravana espiritual se dispunha a partir, quando Maria se lembrou dos discípulos perseguidos pela crueldade do mundo e desejou abraçar os que ficariam no vale das sombras, à espera das claridades definitivas do Reino de Deus. Emitindo esse pensamento, imprimiu novo impulsos às multidões espirituais que a seguiam de perto. Em poucos instantes, seu olhar divisava uma cidade soberba e maravilhosa, espalhada sobre colinas enfeitadas de carros e monumentos que lhe provocavam assombro. Os mármores mais ricos esplendiam nas magnificentes vias públicas, onde as liteiras patrícias passavam sem cessar, exibindo pedrarias e peles, sustentadas por misérrimos escravos. Mais alguns momentos e seu olhar descobria outra multidão guardada a ferros em escuros calabouços. Penetrou os sombrios cárceres do Esquilinho, onde centenas de rostos amargurados retratavam padecimentos atrozes. Os condenados experimentaram no coração um consolo desconhecido.
     Maria se aproximou de um a um, participou de suas angústias e orou com as suas preces, cheias de sofrimento e confiança. Sentiu-se mãe daquela assembleia de torturados pela injustiça do mundo. Espalhou a claridade misericordiosa de seu Espírito entre aquelas fisionomias pálidas e tristes. Eram anciães que confiavam no cristo, mulheres que por Ele haviam desprezado o conforto do lar, jovens que depunham no Evangelho do Reino toda a sua esperança. Maria aliviou-lhes o coração e, antes de partir, sinceramente desejou deixar-lhes nos espíritos abatidos uma lembrança perene. Que possuía para lhes dar? Deveria suplicar a Deus para eles a liberdade?! Jesus ensinara, porém, que com Ele todo jugo é suave e todo fardo seria leve, parecendo-lhe melhor a escravidão com Deus do que a falsa liberdade nos desvãos do mundo. Recordou que seu filho deixara a força da oração como um poder incontrastável entre os discípulos amados. Então, rogou ao Céu que lhe desse a possibilidade de deixar entre os cristãos oprimidos a força da alegria. Foi quando, aproximando-se de uma jovem encarcerada, de rosto descarnado e macilento, lhe disse ao ouvido:

     - Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!... Convertamos as nossas dores da terra em alegrias para o Céu!...
    
      A triste prisioneira nunca saberia compreender o porquê da emotividade que lhe fez vibrar subitamente o coração. De olhos extáticos, contemplando o firmamento luminoso, por meio das grades poderosas, ignorando a razão de sua alegria, cantou um hino de profundo e enternecido amor a Jesus, em que traduzia sua gratidão pelas dores que lhe eram enviadas, transformando todas as suas amarguras em consoladoras rimas de júbilo e esperança. Daí a instantes, seu canto melodioso era acompanhado pelas centenas de vozes dos que choravam no cárcere, aguardando o glorioso testemunho.
     Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do mestre a bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua alegria, guardando a suave herança de nossa Mãe santíssima.
      Por essa razão, irmãos meus, quando ouvirdes o cântico nos templos das diversas famílias religiosas do Cristianismo, não vos esqueçais de fazer no coração um brando silêncio, para que a Rosa Mística de Nazaré espalhe aí o seu perfume!

“Boa Nova” – pelo Espírito Humberto de Campos; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. 37ª ed. Brasília, FEB, 2013.

  

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