Concílio de Nicéia (Imagem: Wikipédia) |
Os Concílios, realizados pelos poderes
imperiais e religiosos do passado, procuraram combater a diversidade de crenças
e estabelecer uma única interpretação verdadeira da doutrina cristã.
No panorama histórico da formação da fé
cristã podemos perceber a dificuldade de interpretação dos registros antigos,
devido à dúvida de suas autorias e distorções quanto às traduções. Por este
motivo é que surgiram diversas seitas religiosas; com interpretações, dogmas e
liturgias próprias.
O ser humano tem uma forte tendência a se
prender na forma exterior; em detrimento da essência. Isto porque, compreender
o abstrato é muito mais difícil quando
não se usa o raciocínio livre de superstição e de crença imposta por
representantes dos poderes temporais.
Jesus iniciou a sua doutrina endereçada a
mudança do pensamento e do sentimento humano. Trata-se de uma mudança do
comportamento humano e a formação de uma ética que harmoniza a sociedade
planetária. E, para a mudança deste comportamento, torna-se necessário o
conhecimento das leis divinas com que Deus rege o universo. As revelações dessas
leis sempre vieram de forma gradativa, e foram utilizados seres humanos dotados
de capacidade para revelá-las (mediunidade). Eles recepcionaram essas
revelações e as interpretaram conforme suas crenças culturais. A reencarnação é
uma dessas revelações das Leis Divinas, e ela explica de forma lógica e
racional o processo evolutivo das almas e a origem dos sofrimentos humanos.
Se ela não é aceita em alguns
segmentos cristãos é porque não está registrada nos seus livros canônicos. Os
textos, abaixo, explicam porque foram retirados os registros que tratavam do
tema reencarnação.
Desde o estudo inicial do fenômeno
mediúnico, a partir de 1857, com o Livro dos Espíritos, as revelações, de forma
gradativa, vêm complementando as revelações do passado. As seitas religiosas
que se prendem mais à forma do passado não conseguem aceitar que, as revelações
atuais, vêm dar continuidade e profundidade de compreensão às revelações
antigas.
V. Lau
Porto Alegre (RS), agosto de 2006.
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(...) – A reencarnação sempre foi aceita entre as antigas religiões e os
sacerdotes iniciados desde os tempos da antiga Suméria, e mais remotamente na
extinta Atlântida. Entretanto, essa
crença não era compartilhada pelos poderosos de todos os tempos, que achavam desconfortável a idéia de que
poderiam vir a reencarnar, em uma vida futura, como mendigo ou escravo.
Por esse e outros motivos, a reencarnação sempre ficou relegada ao universo
restrito dos sábios e dos sacerdotes. A
crença espiritual das múltiplas existências, além de ser um tema complexo,
era naturalmente indigesta para aqueles que desejavam manter-se sempre no
poder, mesmo que isso fizesse somente parte de uma fé religiosa.
No âmbito do Cristianismo, depois do
retorno de Jesus ao plano espiritual, por diversos anos os ensinamentos do
grande rabi da Galiléia foram
ensinados de acordo com o entendimento de diversas correntes.
Uma delas era o grupo dos seguidores de Tiago, o irmão de Jesus, que entendia a mensagem de Jesus como
a de um líder espiritual e humano para a libertação de Israel do jugo romano,
idéia compartilhada por sua mãe. Tiago
acreditava que a mensagem de Jesus era para os judeus, portanto todo aquele
que desejasse ser um cristão deveria ser circuncidado e aceitar a religião
judaica. Ele aceitava a mensagem filosófica de seu irmão, mas
acreditava ser necessário utilizar-se de armas para libertar Israel. Para ele a mensagem era mais humana do
que espiritual. Jesus era o messias “físico”, o libertador de Israel.
Outro segmento importante era o
conhecido como Gnosticismo (seita
dos “gnósticos”), que se subdividia em diversas correntes internas.
Nem todas possuíam uma mensagem coerente. Entretanto o seu segmento mais
destacado era composto por
verdadeiros filósofos que buscavam interpretar os ensinamentos do Mestre de
acordo com a sua real profundidade. Eram em geral admiradores dos ensinamentos de
Sócrates e Platão e procuravam conciliar
esses ensinamentos com os do Cristo. Os “gnósticos” não acreditavam na divindade de Jesus, mas criam
que ele era um grande instrutor da humanidade, e não o próprio Deus,
como muitas das religiões cristãs hoje em dia crêem. Eles pregavam que todos deveriam aprender a mensagem de Jesus e
evoluir com ela. Ou seja: a verdadeira busca da Luz, aquilo que
procuramos hoje em dia para a construção de um novo modelo religioso. Para os gnósticos, Jesus era o
professor, e não o Salvador. Não
havia adoração religiosa, mas sim esclarecimento espiritual a partir
da mensagem do Cristo.
E, por fim, havia o principal segmento
do Cristianismo nascente, que ficou conhecido como a corrente dos “paulinos”,
ou seja, os seguidores de Paulo de
Tarso (o apóstolo Paulo). Este
segmento construiu a Igreja cristã tradicional como a conhecemos hoje.
Os adeptos dessa corrente
acreditavam que Jesus era o próprio Deus e que o sacrifício na cruz
redimiria todos os pecados da humanidade. Em resumo: Jesus era o Salvador, e
não o professor. A facção dos “paulinos” com o passar dos anos
tornou-se fundamentalista e acusava todas as demais de serem hereges por
ensinar conceitos que eles não aceitavam.
Assim, com o passar dos anos, pouco a
pouco, por causa de seu desconhecimento espiritual e interesses obscuros, os cristãos primitivos foram descartando os conceitos
sobre a reencarnação do espírito e do carma, aceitos em todo o Oriente.
Nas diversas traduções e recompilações dos textos,
foi-se, paulatinamtne, trocando-se o sentido das palavras, adaptando-as ao
entendimento daqueles que as traduziam, sempre com o objetivo
de aproximá-las dos interesses daqueles que começavam a dar força à religião
nascente. Os poderosos da época: a águia romana!
Então, no século IV,
durante o Concílio de Nicéia, em 325 d.C., o imperador Constantino
oficializou o segmento dos “paulinos” como o “verdadeiro Cristianismo”.
A partir daquele momento todos os
demais segmentos foram perseguidos até serem extintos. Os “livros hereges” então foram
destruídos sem piedade. Eis o primeiro capítulo de longos séculos de
inquisição religiosa, que chegaria ao seu ápice na Idade Média.
Assim, com o poder de polícia (apoio do
império) obtido pelos paulinos (ortodoxos), em pouco tempo não existiam mais registros das correntes
alternativas do Cristianismo, que terminaram caindo no esquecimento.
Até que em 1945, em Nag Hammadi (Egito), foi encontrado um vaso de cerâmica
que continha diversos evangelhos de outros discípulos de Jesus, que resgataram
para a atualidade parte dos ensinamentos das demais correntes Cristãs. Esses
Evangelhos hoje em dia são conhecidos como “apócrifos”, pois não são aceitos
pela Igreja. Os da igreja tradicional são chamados de “canônicos”.
Essa maravilhosa descoberta reacendeu o
debate sobre o que é real dentro do Cristianismo como o conhecemos. Portanto,
esse é mais um motivo para realizarmos debates sinceros pela busca da
Verdade. O terceiro milênio não comporta mais frases feitas como: “a Bíblia é
a própria palavra de Deus”. Como afirmamos isso se a Bíblia foi escrita por
homens, e não por Deus? (...)
“Universalismo Crístico”, O
futuro das religiões – Obra mediúnica orientada pelo espírito Hermes – Roger
Bottini Paranhos . 1ª edição – 2007 Editora do Conhecimento.
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João Pessoa (PB), 2009
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A Igreja Católica aceitava
a reencarnação até o ano de 553 da nossa era
O
apóstolo Paulo falava várias vezes de um corpo espiritual, imponderável,
incorruptível, (IEpist. Corintios, 15:44) e Orígenes, discípulo de São
Clemente de Alexandria, em seus comentários sobre o Novo Testamento,
afirma que esse corpo, dotado de
uma virtude plástica, acompanha a alma em todas as suas existências e em
todas as suas peregrinações, para
penetrar e enfornar os corpos mais ou menos grosseiros e materiais que
ela reveste e que são necessários no
exercício de suas diversas vidas.
Orígenes e os pais alexandrinos, que
sustentavam uns, a certeza, outros, a possibilidade de novas provas após a
provação terrena, propunham a si mesmos a questão de saber qual o corpo que
ressuscitaria no juízo final. Resolveram-na,
atribuindo a ressurreição apenas ao corpo espiritual, como o fizeram Paulo
e, mais tarde, o próprio Sto. Agostinho, figurando como incorruptíveis finos,
tênues e soberanamente ágeis os corpos dos eleitos (Santo Agostinho – Manual
– cap. XXVI)
Orígenes afirmava ser a
doutrina do Carma e do renascimento uma doutrina Cristã.
Devido
a esta crença, 299 (duzentos e noventa e nove) dias, após sua morte, contra ele a igreja decretou a
excomunhão. O segundo Concílio de Constantinopla, no ano 553, decretou: “Todo aquele
que defender a doutrina mística da preexistência da alma e a consequente
assombrosa opinião de que ela retorna, seja anátema (sentença que
excomunga)”.
Até esta época, a doutrina do renascimento
e do carma era aceita pela Igreja Cristã.
A história do II Concílio de
Constantinopla teve marcante acontecimento com a figura do imperador Justiniano, um
teólogo, que queria saber mais teologia do que o papa. Justiniano tentou
reinserir os monofisistas (Doutrina
que reconhece uma só natureza em Jesus Cristo, a divina) no meio dos
ortodoxos da igreja, pois temia que os monofisistas, comandados por Severo de
Antioquia, se afastassem e voltassem-se para a Pérsia. Organizou no palácio a primeira conferência entre ortodoxos
e monofisistas, para a qual convidou seis ortodoxos e seis
monofisistas tentando definir as diferenças entre as doutrinas.
O Papa, Vigílio, apesar de se encontrar
em Constantinopla, recusou-se a participar do concílio convocado pelo
imperador e tampouco se fez representar. O concílio pressionado pelo
imperador excomungou o Papa. O Papa Vigílio acabou
reconhecendo o concílio em troca da suspensão de sua excomunhão.
A
esposa de Justiniano chamada Teodora, teve muita influência nos
assuntos do governo do marido e até no que se referiu à teologia. Foi ela
quem acomodou os monges egípcios e os clérigos siríacos nos vários palácios
da capital e, sobretudo, no palácio de Hormisdas, que se tornara o centro da
propaganda monofisista.
Por ter sido ela uma
prostituta, suas ex-colegas se sentiam orgulhosas e decantavam
tal honra. Mas esse fato a
revoltava e se constituía numa desonra, fazendo com que mandasse matar todas as quinhentas prostitutas de
Constantinopla.
Os cristãos da época passaram
a chamá-la de assassina e a dizer que deveria ser assassinada, quinhentas
vezes, em vidas futuras. Este
seria seu carma por ter mandado assassinar as suas quinhentas ex-colegas
prostitutas.
A partir daí, Teodora
passou a odiar a doutrina da Reencarnação e como mandava e
desmandava em meio mundo através do seu marido, resolveu partir para uma perseguição sem tréguas contra essa doutrina e
contra o seu maior defensor que era Orígenes.
O Concílio tratou de duas questões
básicas: O Monofisismo e o Origenismo. O Origenismo
defendia a apocatástase do universo
(revolução periódica que reconduz os astros ao ponto de onde partiram) e a Reencarnação. O concílio
condenou o Origenismo em termos claros e severos.
Tudo isso
culminou com o que já citamos, acima, a condenação de Orígenes realizada pelo
patriarca Menos e seus bispos em Constantinopla. (grifos e destaque, nossos)
“Analisando
as Traduções Bíblicas”- Professor Severino Celestino da Silva – Mundo Maior
Editora
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